Afogamento Infantil: Um instante de distração pode custar a vida de uma criança

Especialistas da Rede Ebserh orientam sobre prevenção e atendimento as vítimas

| ASSESSORIA


Os pais ou responsáveis devem manter a atenção constante para prevenir o afogamento da criança. Imagem ilustrativa: freepik.

Quando se fala em afogamento de crianças, associamos a ocorrência desse tipo de acidente a praias, rios, piscinas ou lagos, porém, há outras situações que oferecem risco, como baldes, bacias, banheiras e chuveiros. De acordo com a   Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em média, três crianças e adolescentes morrem por afogamento todos os dias no País. Segundo a entidade, cerca de 89% dos casos de afogamento infantil decorrem da ausência de supervisão dos responsáveis pela criança. Os menores, de 1 a 4 anos, são as principais vítimas.

Em 14 de abril é celebrado o Dia Nacional de Prevenção ao Afogamento Infantil, data criada com objetivo de conscientizar a população sobre os perigos que podem levar ao afogamento infantil. Especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), orientam sobre prevenção e cuidados necessários às vítimas desse tipo de acidente.

Conforme o médico pediatra Paulo Serra Baruki, chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh), as crianças são mais vulneráveis por várias razões, dentre elas a curiosidade, a falta de desenvolvimento motor, por desconhecerem os perigos associados à água, e por questões fisiológicas e anatômicas.

“Quanto menor a idade, maior será a frequência respiratória, e assim, maior probabilidade de inalação de água. Também, por apresentarem a cabeça e membros superiores mais pesados, perdem o equilíbrio mais facilmente, e consequentemente pode ocorrer o afogamento, mesmo em águas rasas, como acontece no ambiente domiciliar”, explica. Paulo Baruki alerta que o número de vítimas infantis é alarmante em nosso País, e na maioria dos casos, são acidentes evitáveis que acontecem por falta de supervisão de um adulto.

Outras situações expõem as crianças ao risco, conforme o médico. Ele elenca algumas delas: “Baldes e recipientes com água podem ser perigosos para crianças pequenas; Piscinas residenciais e públicas, mesmo com equipamentos de segurança, exigem supervisão constante; Banheiras e chuveiros também podem ser perigosos, mesmo com água rasa”. Segundo ele, áreas de lazer com água, como parques aquáticos e fontes, são locais que requerem atenção especial.

Prevenção ao afogamento

De acordo com Carolina Amoretti, pediatra intensivista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA/Ebserh), a prevenção requer atenção e ações direcionadas para cada fonte de risco. “Afogamentos são comuns em dias de festa em casa, quando muitos adultos estão reunidos e o cuidador da criança não está bem estabelecido. Por isso, sempre é importante a vigilância de um responsável”, pontua a médica.

Carolina Amoretti aponta que é necessário garantir que o acesso às piscinas seja fechado, preferencialmente com portões de fechamento automático. Para ela, também é válido o treinamento antiafogamento em aulas de natação. Já em praias, mesmo com o uso de utensílios de segurança, deve-se dar preferência por águas calmas e sem corrente de retorno. Em outros ambientes onde circulam as crianças, é importante observar as proximidades de tinas e tanques de água que estejam cheios.

Baruki esclarece que existem políticas públicas voltadas para a prevenção e conscientização sobre o problema e destaca o Projeto de Lei 1944/2022, em tramitação no Senado, que obriga medidas específicas de segurança para prevenir o afogamento infantil em piscinas ou similares. “Além disso há campanhas da SBP que visam a prevenção e a conscientização dos pais e responsáveis sobre a importância da supervisão e da segurança para reduzir os acidentes”, completa o médico.

Com a supervisão constante, o ensino de habilidades de natação e a utilização de equipamentos de segurança, é possível reduzir o risco de acidentes e manter as crianças seguras em torno da água. Além disso, é fundamental que as pessoas estejam preparadas para uma emergência e saberem como realizar primeiros socorros, além de terem um plano de ação em caso de afogamento.

Cuidados com a vítima

A pediatra Carolina Amoretti, informa os principais cuidados que devem ser tomados no socorro às vítimas: Checar se a criança retirada da água está respirando; colocá-la de costas em uma superfície plana e checar o movimento do tórax ou ar no nariz; Caso não esteja respirando, chamar ajuda do Samu (192) ou Bombeiros (193), e iniciar compressões torácicas com uma mão, abaixo da linha entre os aureolos mamários, num ritmo de 100 vezes por minuto até que a ajuda chegue. Ela enfatiza que ter treinamento em suporte básico de vida é importante para todos os cuidadores de crianças.

A vítima deve ser resgatada do local do acidente por uma equipe de serviço móvel em emergências, e levada ao pronto socorro mais próximo. “Os cuidados intensivos às vítimas que necessitam de suporte avançado são realizados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP)”, frisa Paulo Baruki.

Consequências do afogamento

O afogamento pode levar a uma parada cardiorrespiratória, culminando em lesão neurológica grave ou morte, caso a vítima não seja atendida adequadamente e em tempo. O acidente gera uma resposta inflamatória importante no pulmão, que já não consegue garantir a respiração. Isso leva a danos em todos os órgãos do corpo (hipoxemia) e pode evoluir à morte.

“Importante lembrar que a vítima de afogamento, além de espirrar água também a engoliu e vômitos podem vir dessa manobra. Mesmo quando se restabelece a respiração espontânea, a água que esteve no pulmão ‘lavou’ as substâncias naturais da superfície pulmonar e lesões pulmonares podem surgir”, diz Carolina Amoretti.

A vítima de afogamento merece algumas horas de observação e, se assintomática, pode não necessitar exames. “Frequentemente um raio-x de tórax após algumas horas do evento pode ajudar a avaliar a extensão do dano. A vítima que apresenta sintomas, deve ser internada em hospital e ter exames direcionados para sua queixa e para disfunção de múltiplos órgãos”, recomenda.

Ela também esclarece que sendo rapidamente resgatada e sem parada respiratória, a criança pode ser observada em domicílio, desde que possa ser encaminhada brevemente a um serviço de saúde, isso porque a disfunção pulmonar pode se estabelecer após 4 a 6 horas do evento. “Todos os demais cenários (vítima com sintomas, desacordada na hora do acidente, com tosse, dificuldade de respirar ou vômitos) devem ser levados imediatamente a um serviço de saúde. O período de observação irá depender dos sintomas e da evolução”, conclui.

Sobre a Ebserh 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação. 

Por Rosenato Barreto, com revisão de Danielle Campos

Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh



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