Só agora, depois de perderem ou se afastarem temporariamente de seus empregos por conta da quarentena do Coronavírus, muitas pessoas estão se dando conta de como eram bons os seus trabalhos, suas rotinas e responsabilidades diárias mesmo com suas cargas horárias quase sempre extrapoladas para poderem cumprir suas metas e objetivos nas empresas. Descobrem que eram felizes e não sabiam. Sentem falta até do acordar cedo; do enfrentamento do conturbado trânsito para entrar no corre-corre dos ambientes de trabalho no comércio, indústria e serviços.
“Como era bom o meu trabalho” me confidenciou um amigo demitido recentemente. A empresa onde trabalhava não suportou o longo período de inércia, sem produção, e o cortou. Foi demitido por contingência de despesas. Agora, em casa, sem poder sequer buscar novas oportunidades de trabalho, recorda do tempo em que murmurava por quase tudo no dia a dia de trabalho. “A segunda-feira então, era um martírio levantar e encarar o primeiro dia de uma longa e tenebrosa semana de trabalho. Quanta bobagem! Quantos pensamentos e sentimentos mesquinhos, pequenos e inconsequentes. Hoje, não só eu que perdi o meu emprego, mas até mesmo aqueles que estão há mais de mês em casa, sei que pensam no quanto dariam para um novo e seguro amanhecer de uma bela segunda-feira prazerosa de trabalho duro”, me escreveu o amigo.
Outros que estão há quase 40 dias em recolhidos em casa, afirmam que estão com um desejo indescritível de retomarem à rotina de trabalho. Um deles disse que esse tempo no lar o ajudou a refletir e a gostar ainda mais de trabalhar, dando valor a cada dia, a cada instante que a vida lhe proporcionar.
Até quem não parou “muito”, porque continuou a exercer suas funções pelo sistema “home office” sente uma baita saudade do ambiente de trabalho, do relacionamento social e profissional durante o expediente, de chegar ao final do dia com o gostoso sentimento do dever cumprido. Torcem como nunca para que esse tempo logo volte.
Viram que por mais prazeroso que seja a chegada da sexta-feira (“sextooooou”) que para muitos é o último dia de trabalho na semana, para poder finalmente ficar em casa, reunidos em família, isso tem valor maior quando se trabalha duro, vivendo a rotina de produzir para então descansar e desfrutar do bom relacionamento doméstico, como uma recompensa pelo esforço desprendido. Ficar permanentemente em casa, de segunda a domingo, semana após semana, não tem muito valor para quem não está aposentado ou que vive em outra situação que se justifique, ainda mais quando se está no auge de uma carreira profissional, num período em que o Brasil e o mundo enfrentam uma das maiores crises econômicas e de saúde da história.
O desejo de retomar a rotina de trabalho é cada vez maior mesmo junto àqueles que nada perderão financeiramente após tanto tempo afastado do emprego. Ao mesmo tempo, muito maior é a expectativa daqueles que esperarão o retorno à normalidade para então sair em busca de novas ocupações para poder ganhar o próprio sustento.
Em tempos assim, de extrema dificuldade, necessário se faz o fortalecimento espiritual do indivíduo. Somente dessa forma, quando o maior número de pessoas se voltarem a Deus, O Criador de todas as coisas, em humildade e oração, as coisas melhoram. Primeiro para o próprio indivíduo que passa a se sentir mais forte, mais capaz de enfrentar os obstáculos que estão (sempre) à frente. Depois é a família quem ganha quando o homem entesoura em seu peito os ensinamentos e mandamentos do Senhor. E, no final, quanto maior for o número de lares Cristãos, em reverência e oração, mais rapidamente cidades, estados e países sairão dessa crise de saúde e de caos na economia.
A quarentena também tem permitido isso. Uma aproximação maior do homem com o Criador. Para muitos, a pandemia é Bíblica pois, com outras roupagens, já ocorreu em épocas distintas da história da humanidade e, certamente com esse mesmo objetivo, ou seja, de fazer com que o homem pare, reflita e enxergue os caminhos tortos que têm trilhado ao longo da vida e se volte a Ele. Esse é O Plano.
Sempre é tempo mudar, de retroceder para trilhar novas veredas, com mais garra e determinação, sem deixar de lado, em momento algum, o lado espiritual das coisas; De exercer a fé de que tudo é possível; De que podemos ser melhores e amar todos os momentos da vida, mesmo as inevitáveis segundonas de um trabalho duro.
*Jornalista e Professor