Com proposta voltada à saúde indígena, professora da UFGD é única selecionada de MS em chamada do CNPq

| ASSESSORIA


Com proposta voltada à saúde da população indígena frente à pandemia causada pelo novo coronavírus, a professora Simone Simionatto, da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA) da UFGD, foi a única pesquisadora de Mato Grosso do Sul selecionada em chamada de apoio a pesquisas em covid-19, lançada em abril numa ação conjunta entre Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e Ministério da Saúde.

Sob o título “Epidemiologia e evolução da infecção pelo SARS-CoV-2 na população indígena do Mato Grosso do Sul”, a proposta tem como objetivo estudar a dinâmica da transmissão do vírus entre a população indígena de Mato Grosso do Sul, buscando determinar seu período de incubação, o número de indivíduos que têm anticorpos contra o patógeno, a evolução imunológica da infecção, bem como os fatores de prognósticos para gravidade e óbito. Considerando a condição de vulnerabilidade dessa comunidade, o estudo permitirá identificar se os pacientes que tiveram a doença estarão protegidos em uma nova exposição ao vírus. 
 
Paralelo a isso, será realizado um estudo de epidemiologia molecular, associando dados do genoma do vírus com o desfecho clínico dos casos, verificando se os casos com mais gravidade têm alguma relação com as características genéticas do patógeno. De acordo com a pesquisadora, essas informações poderão subsidiar estratégias de contenção da pandemia e a priorização de locais para intervenções por parte do poder público. Pela chamada, o projeto receberá financiamento no valor de R$ 881.711,50.
 
Ela frisa que o acesso limitado ao saneamento e à água potável, as baixas condições socioeconômicas, bem como a localização geográfica de algumas comunidades próximas às áreas urbanas aumentam a vulnerabilidade dos indígenas à covid-19. “Estratégias para reduzir a disseminação do vírus nessa população enfrentam muitos desafios, entre eles, questões econômicas e culturais, dificultando as ações de controle da transmissão da doença, como a implementação do isolamento social. Considerando que o estado de Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do País, é nosso papel, enquanto pesquisadores, fazer algo que possa contribuir para o controle da pandemia nessa comunidade. Fico feliz que este projeto tenha sido contemplado com o recurso, pois, assim, poderemos colaborar de alguma forma com o fortalecimento das ações em saúde indígena”, afirma.
 
A docente, que é bióloga e doutora em Biotecnologia, explica que a equipe científica do projeto é formada por pesquisadores de diferentes instituições do Brasil e do exterior: além de profissionais da UFGD, há estudiosos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), da Stanford University (Estados Unidos) e da Universidad Autónoma de Barcelona (Espanha). “Este grupo já desenvolve pesquisas com agentes infecciosos e irá transpor seus conhecimentos para o estudo de covid-19”, pontua.
 
“O edital foi bastante concorrido. Foram mais de dois mil projetos submetidos e o nosso foi o único aprovado em todo o estado. É uma satisfação para mim enquanto pesquisadora concorrer com grandes grupos e ter elaborado uma proposta competitiva que, ao ser julgada por avaliadores externos, foi reconhecida com a aprovação. Acredito que o mérito vem de um trabalho sério construído ao longo do tempo pelo grupo de pesquisadores envolvidos. Os resultados, inclusive, serão compartilhados com os gestores do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), para planejamento de ações e intervenções pactuadas com a nação indígena, no intuito de reduzir a carga de doença atribuída à covid-19”, conclui a docente, sobre a chamada do CNPq.
 
Bolsista em Produtividade em Pesquisa junto ao CNPq, Simone também é orientadora de estudantes do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFGD. O grupo de pesquisa liderado por ela já vem desenvolvendo outro trabalho de investigação científica junto aos povos indígenas da região – com foco em doenças sexualmente transmissíveis – e conta com a colaboração do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do estado e das secretarias estadual e municipal de Saúde.
 
A CHAMADA
 
Com mais de duas mil propostas submetidas, a Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit N° 07/2020 – Pesquisas para enfrentamento da COVID- 19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves, divulgou os nomes dos pesquisadores contemplados nesta terça-feira (07/07). Ao todo, foram 90 projetos de pesquisas classificados dentro dos limites orçamentários, totalizando cerca de R$ 45 milhões. São R$ 25,5 milhões do MCTI (21 propostas) e R$ 19,9 milhões do Ministério da Saúde (69 propostas).
 
A chamada consistiu na seleção de propostas em temas como tratamento, vacinas, diagnósticos, patogênese e história natural da doença, carga da doença, atenção à saúde e prevenção e controle. O processo de julgamento dos materiais inscritos envolveu análise do cumprimento dos critérios de elegibilidade; avaliação individual de cada projeto, avaliação contextualizada dos projetos, considerando, por exemplo, a adequação às linhas da chamada e seus objetivos propostos e, por fim, relevância sócio-sanitária, envolvendo os projetos que tiveram nota acima de 6 pelo Comitê de Mérito.
 
Das 90 propostas classificadas, 11 são de pesquisadores da região Centro-Oeste, quatro do Norte, 16 do Nordeste, 11 do Sul e 48 da região Sudeste. Quanto ao gênero dos proponentes, a maioria dos selecionados é formada por mulheres – 51 – ante a 39 projetos apresentados por homens.

ornalismo ACS/UFGD com informações do Portal do CNPq



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