O blefe da sucessão de Délia Razuk

As cartas da eleição municipal começam a ser embaralhadas e a expectativa é pela continuação de Délia Razuk no jogo

| CONTRAPONTO MS


Barbosinha, pré-candidato tucano pelo DEM, a petebista Délia Razuk e Renato Câmara, peemedebista que corre por fora

Traumatizado com a algazarra até altas horas de uma jogatina de truco de uma antiga vizinha de muro, que não aguentou minha chatice e se mudou; pior, um muro adiante chegando, agora, outra turma ainda mais barulhenta, não tive dúvidas: para não ter que brigar de novo vou aprender a jogar esse troço, lembrando, de imediato, de um velho amigo da política, recém-aposentado, também chegado numa trucada. Coitado. Já escaldado, porque não era minha primeira tentativa, aguardava-me com uma nova didática, mais ao meu gosto, na vã ilusão de que, desta vez, se livraria de mim.

Respeitando os protocolos de combate à pandemia do coronavírus tivemos que nos acomodar numas banquetas na calçada de sua residência; um toco de madeira como mesa, aproveitando a sombra de um Oiti e o sopro do primeiro minuano de 2020. Marcador de pontos, cartas embaralhadas, tudo nos conformes, vamos à "aula":

− Suponhamos que o jogo seja a eleição deste ano em Dourados, com seus vários candidatos – começou, em tom professoral.

Animado, de cara, já pedi que parasse com o tereré e trouxesse uma cerveja para facilitar o aprendizado.
O Marçal, que estava com a mão, para distribuir as cartas, amarelou"

Simulando a distribuição do que ensinou ser a "primeira mão", foi logo adiantando que "o deputado Marçal Filho estava com o pica-fumo, a prefeita Délia Razuk com o dois, Barbosinha e Renato Câmara com o três". Até ali, pra mim, ele estava falando romeno. Mas, curioso para saber o que significava o "seis, seis, seis!!!" que o povo tanto grita nas minhas madrugadas insones.

− O Marçal – continuou, até ali, pacientemente, coisa que sempre esteve longe de ser – que estava com a mão, para distribuir as cartas, amarelou com a carta que pegou. Começou com o pica-fumo e acabou picando a mula!

Mesmo com a informação de que a prefeita Délia Razuk não deve ser candidata à reeleição, mas como estava no hipotético jogo, o professor disse que "ela havia pegado um três e ficado com a mão de dois e três". Assim, ipsis litteris. E eu ali com a cara de bobo.

Quando achei que fosse sair o grito famoso, o Barbosinha entra na jogada, "não se sabendo a carta que pegou, pois não deu sinal nenhum do que estava na mão dele". Ah, "o Renato Câmara estava com a espadilha e ficou com a mão de três e espadilha".

Sacando que eu não estava entendendo bulhufas o aí já inquieto professor pediu mais atenção, pois que na próxima mão quem iria dar as cartas seria Délia Razuk. "E o Renato Câmara vai ficar de pé, aguardando para ver para aonde vão o zap e o sete de copas".

Como era só uma aula, aproveitei para tentar entender aquelas esquisitas piscadelas, roçadas de pernas por debaixo da mesa e até um marmanjo jogando beijinho pro outro, mas meu amigo mandou que me informasse no oráculo Google, fazendo uma última tentativa no truco:

− Porque o zap e o sete copas ainda estão no baralho e esta história vai ter que mostrar as cartas e quem vai verificar se vai trucar ou vai correr pode ser o Renato Câmara, que é o pé e está com três e espadilha, embora tendo que aguardar para ver se sai o zap e o sete copas na mão porque só com três espadilha não dá para falar se o jogo está ganho.

Pensei, cá com meus botões: será que esse negócio de zap e sete de copas tem alguma coisa a ver com a entrada de Murilo Zauith e Reinaldo Azambuja no jogo?



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