Libertadores
A ligação forte do homem mais poderoso do futebol sul-americano com o Olimpia
Presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez é filho de maior dirigente da história do Olimpia, adversário do Fluminense na Libertadores
| TRIVELA
Alejandro Guillermo Domínguez Wilson-Smith não é só o presidente da Conembol. O homem mais poderoso do futebol sul-americano começou sua carreira numa empresa de produção de plásticos, antes de ser o diretor executivo de uma rádio e uma revista. Mas o que lhe levou ao esporte foi uma paixão antiga e familiar pelo Olimpia, adversário do Fluminense nesta quinta (31), às 21h30, pelo jogo da volta das quartas de final da Libertadores, no Defensores del Chaco, em Assunção.
Em 1997, ainda com 25 anos, Alejandro já era membro do conselho diretor do Decano, clube que tem seu pai, Osvaldo Domínguez Dibb, como o maior presidente de sua história.
Economista pela Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, o homem mais poderoso do futebol sul-americano também fez um MBA em finanças pela Universidade Católica de Assunção. Mas foi na comunicação, como o pai, que conquistou seu poder.
Antes da carreira como dirigente esportivo, Alejandro Domínguez foi um empresário do ramo. Como diretor executivo de um conglomerado de mídia paraguaio, ocupou a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) como representante “guaraní”.
Era vice-presidente da comissão de liberdade de expressão. Seu mergulho no Olimpia, curiosamente, nasce de uma grande decepção com o jornalismo, de acordo com pessoas ouvidas pela Trivela no Paraguai.
Um funcionário do Olimpia topou dar uma resposta sobre Domínguez desde que seu nome não fosse citado — e que o repórter anotasse no papel, sem gravações.
— Alejandro é um bom homem, correto. Muitos no Paraguai não acreditam nos erros de seu pai, creem que são como mentiras políticas, clubistas e até pessoais. Foi um excelente executivo no setor privado. Ao virar dirigente esportivo, Alejandro fez suas alianças. O Olimpia sempre foi muito forte. Não demorou a virar amigo de Mauricio Macri, por exemplo. Hoje tem boa relação com o novo presidente (Santiago Peña) do Paraguai, que também é “nosso” (torcedor do Olimpia). Não participa tanto do dia a dia do Olimpia hoje, mas fez muito pelo clube — afirmou.
Hoje com 51 anos, passou mais da metade da vida como dirigente de futebol. Já são 26 anos no mundo da bola. O início, claro, foi no Olimpia, como integrante do conselho diretor. Ainda seria vice-presidente e presidente interino antes de chegar à Associação Paraguaia de Futebol, onde ocupou os mesmos cargos. Depois do escândalo de corrupção da Fifa, assumiu a Conmebol para “iniciar uma nova era” na entidade máxima do futebol sul-americano.
Filho do ‘Grondona paraguaio'
Foi nas gestões de Osvaldo Domínguez Dibb, conhecido como “Grondona paraguaio” — em alusão a Julio, o maior dirigente do futebol argentino — que os franjeados conquistaram suas três taças da Libertadores da América. O pai de Alejandro Domínguez é o maior dirigente da história do futebol do Paraguai.
Osvaldo era um magnata da comunicação do país e sua família sempre teve relações próximas com a do ditador Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai por mais de 35 anos em um dos regimes autoritários mais violentos da história da América Latina.
O patriarca do clã Domínguez passou a vida com acusações de enriquecimento através de relações espúrias, loteria esportiva e até contrabando de cigarros, já que tinha uma empresa que comercializava tabaco.
Legal ou ilegalmente, o dinheiro e o poder fizeram de Osvaldo Domínguez um mecenas para o Decano. O Olimpia mostrava poderio econômico a partir do fim dos anos 1970, o suficiente para incomodar os gigantes do continente. Sua frase mais conhecida não poderia ser mais clara.
Em suas duas gestões (1976-1990 e 1996-2004), Domínguez Dibb entrou para a história. Foram 14 títulos paraguaios, três Libertadores (1979, 1990 e 2002), duas Recopas (1991 e 2003) e um Mundial de Clubes (1979).
O ‘olimpista que chegou mais longe'
O paraguaio de Assunção assumiu a cadeira mais poderosa do futebol sul-americano no dia seguinte ao seu aniversário de 44 anos, em 2016. Pouco mais de um ano e meio depois, recebeu dos franjeados sua primeira grande homenagem.
Em uma sessão honorária do conselho diretor do futebol paraguaio, que fazia parte pouco tempo antes, Domínguez recebeu uma placa por sua trajetória como dirigente.
— O olimpista que chegou mais longe e que mehor representa sua entidade a nível mundial. É um orgulho para nós —, disse Marcos Trovato, então presidente do clube, em um púlpito durante a cerimônia.
O próprio Alejandro Domínguez falou sobre a importância do Olimpia em sua formação humana e profissional.
— Dentro dessa casa, que é minha casa, aprendi a sonhar grande. É um clube que devo muito e que me recorda sempre das melhores coisas. Para ser dirigente do Olimpia não basta ser fanático, é preciso ser um cavalheiro, mas valente para afrontar o que significa este clube, algo que aprendi dos dirigentes que fizeram o Olimpia tão grande — afirmou.
A síntese de sua ligação com o Decano viria ao fechamento do discurso.
— Sempre sonhem grande, a história do Olimpia assim requer — encerrou, para aplausos do público presente.
Cinco anos depois, o Olimpia voltaria a homenageá-lo. Alejandro Domínguez agora é sócio vitalício do clube.
— Domínguez deu uma grande mão ao Olimpia — resumiu Miguel Cardona, presidente do clube, sobre a negociação do Decano com Derlis González, ex-Santos e considerado o craque do time que enfrenta o Fluminense na quinta.
Polêmicas no Paraguai, na Conmebol e na Fifa
Como não poderia deixar de ser no futebol sul-americano, Alejandro Domínguez também está na mira de investigações sobre corrupção. Mas ele também acumula outras polêmicas.
Uma delas está em alta no Paraguai. Seis dias atrás, o histórico goleiro José Luiz Chilavert, um dos maiores nomes do futebol do país, teve sua condenação em primeira instância ratificada pela Corte Suprema de Justiça por difamar o presidente da Conmebol. Ele foi condenado a um ano de prisão.
A decisão do juiz Manuel Aguirre afirma que o ex-jogador “tocou a honradez de uma pessoa, não importa que seja Alejandro Domínguez”.
Em 2021, Chilavert apresentou uma denúncia contra Domínguez ao Ministério Público do Paraguai. Ele acusa o presidente da Conmebol de evasão de impostos, lavagem de dinheiro, associação criminosa e dano ao erário. O denunciante afirmou que Alejandro Domínguez e Juan Ángel Napout, ex-presidente da Associação Paraguaia de Futebol, receberam propina de US$ 1,5 milhão cada um no Fifagate.
A Justiça, entretanto, pediu que o caso fosse arquivado por falta de provas.
Gracias Juan Pablo,me das la razón,ya es delictivo, siempre a favor de los brasileños.El VAR llego para legalizar la corrupcion que impera en Sudamerica.Mediapro empresa vinculada al FIFAGATE maneja el VAR con Wilson Seneme brasileño,director de árbitros en la Corrupbol.
Em entrevista à ABC Digital, o maior site do Paraguai, o ex-goleiro chamou o dirigente de “fracassado”, e voltou a criticá-lo.
— O que esse senhor busca é uma Justiça seletiva, que me condene. Sua intenção é cercear a liberdade de imprensa no Paraguai. Faz tempo que a ditadura terminou. O próprio Lionel Messi, o melhor jogador do mundo, disse que não quer pertencer ao ambiente corrupto da Conmebol — declarou.
Em 2023, uma denúncia do veículo independente “Sin Falta”, do Paraguai, chegou ao Comitê de Ética da Fifa. Domínguez é acusado de aceitar uma proposta pior pelos direitos das Eliminatórias da Copa em troca de suborno.