O tradicional Vojvodina quebrou o duopólio e conquistou a Copa da Sérvia em cima do Partizan

| TRIVELA/LEANDRO STEIN


O futebol na Sérvia vive um incontestável duopólio entre Estrela Vermelha e Partizan Belgrado. Desde a fragmentação da Iugoslávia nos anos 1990, apenas um título da liga nacional não ficou com a dupla – o de 1997/98, quando o Obilic se valeu do terror para levar a taça. Entre os clubes realmente sustentáveis, o único a se aproximar minimamente é o Vojvodina. Fundados em 1914, os alvirrubros foram os únicos sérvios além das potências a faturarem o antigo Campeonato Iugoslavo. Já nesta quarta-feira, a torcida pôde reviver um pouco das glórias: nos pênaltis, o Vojvodina derrotou o Partizan e conquistou a Copa da Sérvia.

Presente em 44 edições do Campeonato Iugoslavo, o Vojvodina conquistou o título duas vezes neste período. E ambas as campanhas foram protagonizadas por grandes personagens. Em 1965/66, o mentor do projeto era Vujadin Boskov, um dos maiores treinadores da história dos Bálcãs. Já em 1988/89, a façanha dos alvirrubros levou o técnico Ljupko Petrovic e o prodígio Sinisa Mihajlovic ao Estrela Vermelha, onde se tornariam instrumentais à equipe que faturou a Champions dois anos depois. Além do mais, o clube de Novi Sad sempre teve como vocação revelar talentos. Desde Todor Veselinovic, um dos maiores artilheiros da história do futebol iugoslavo, a nomes mais recentes como Milos Krasic e Dusan Tadic.

Desde a desintegração da Iugoslávia, o Vojvodina se manteve como terceira força do futebol sérvio, com 13 pódios no campeonato local desde 1992/93. Nos últimos 21 anos, em apenas duas oportunidades a tabela da liga não terminou com Estrela Vermelha e Partizan nas duas primeiras colocações. O Vojvodina foi um desses raros vices, em 2008/09. Além disso, na Copa da Sérvia, há mais espaços para surpresas e os alvirrubros costumeiramente fazem boas campanhas. Desde 2007, foram finalistas seis vezes do torneio – uma a mais que o Estrela Vermelha. Superar as potências não é simples, mas este foi o segundo título da equipe no certame.

A primeira vez que o Vojvodina conquistou a Copa da Sérvia foi em 2013/14. Na temporada anterior, os alvirrubros tinham perdido a final para o Jagodina e ganharam a chance de revanche contra os mesmos adversários na decisão posterior. Assim, o clube de Novi Sad não deixou a oportunidade escapar e ergueu a taça após o triunfo por 2 a 0. Desde então, o time não tinha voltado mais à finalíssima, até recuperar a glória em 2020.

Terceiro colocado no Campeonato Sérvio 2019/20, o Vojvodina deu sorte ao escapar dos embates com Partizan e Estrela Vermelha na caminhada até a decisão. Superou o Cukaricki na semifinal, antes de encarar o Partizan, que havia despachado seus rivais na outra chave. A final seria dura ao clube de Novi Sad. Miljan Vukadinovic e Petar Bojic abriram dois gols de vantagem aos alvirrubros, mas os alvinegros renasceram nos dez minutos finais, com direito a um gol de bicicleta de Strahinja Pavlovic aos 51 do segundo tempo para forçar a prorrogação.

Com o empate por 2 a 2 preservado, a definição acabou nos pênaltis. Teve até confusão na marca da cal, depois que Mladen Devetak converteu e provocou a torcida do Partizan – presente em número bem maior nas arquibancadas em Nis. Os reservas precisaram ser contidos na beira do campo. E o Vojvodina seria bem mais preciso nas batidas. Com um tiro dos alvinegros para fora e outro no travessão, os alvirrubros ganharam por 4 a 2. Após ver o tricampeonato da liga acabar com o Estrela Vermelha, o Partizan fechou a temporada de mãos abanando.

O segundo título em 30 anos possui um enorme valor ao Vojvodina. O clube chegará a 24 participações na história das competições europeias, entrando nas preliminares da Liga Europa. Em seu passado, foi até mesmo quadrifinalista da Champions, quando sucumbiu ao futuro campeão Celtic em 1966/67. Competir realmente com Estrela Vermelha e Partizan parece um sonho distante. No entanto, reviver as comemorações de tempos em tempos preserva a tradição dos alvirrubros e resgata a história de um clube também importante na história dos Bálcãs.



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