Direito e Justiça
Name oferece propina e ameaça policial
| DIáRIO DIGITAL / ANA LíVIA TAVARES
“Se ele me tirar daqui amanhã, de 100 a 600 milhões vão aparecer dentro do juízo dele, de negociata de malandro”. A frase foi dita por Jamil Name, 81 anos, durante audiência realizada nesta segunda-feira (22), sobre a denúncia de obstrução de justiça, referente as investigações da Operação Omertà. No interrogatório, a proposta feita ao juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, foi gravada e se refere ao “Doutor lá de cima”, dando a entender que o recado deveria ser repassado a ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Já no final do interrogatório, Name pede um favor ao juiz. “O senhor poderia me fazer um grande favor? O maior favor que eu já pedi na minha vida para alguém”, pergunta o réu ao magistrado. Jamil continua, “estou numa situação de saúde muito ruim, estou bloqueado aqui (referindo-se ao Presídio Federal de Mossoró) e há 150 dias que não falo com meu advogado que mora aqui, o senhor está entendo?”, explica Name que está preso em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no Rio Grande do Norte, desde outubro de 2019.
Jamil pede ao juiz sua transferência, alegando problemas de saúde. “Eu queria que o senhor me mandasse para Campo Grande para eu fazer tratamento ou que o senhor me mandasse para São Paulo para eu fazer tratamento no Hospital Sírio Libanês”. Sem ser interrompido, o empresário acusado de liderar uma milícia armada afirma que está “numa situação triste”. “O senhor tá vendo que eu tô falando quase chorando, é duro viu, é duro”, finaliza.
Transferência - O procurador-geral da República, Augusto Aras, recorreu na última sexta-feira, 12 de junho, contra decisão monocrática que permitiu a transferência de Jamil Name, da penitenciária federal de Mossoró (RN) para um presídio do sistema prisional de Mato Grosso do Sul (MS). A autorização foi decidida pelo ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, no dia 5 de junho, em Habeas Corpus (HC). Agora, a transferência precisa passar por nova análise da Suprema Corte.
Propina – Ainda durante audiência, Jamil Name oferece propina na tentativa ter a liberdade concedida. “Se passa pelo Doutor lá de cima, o senhor fala para ele, pode dizer para ele mais uma coisa: se ele me tirar daqui amanhã, de 100 a 600 milhões vão aparecer dentro do juízo dele, de negociata de malandro. O senhor tá entendendo, né?”, questiona Jamil ao magistrado que respondente negativamente. “Na verdade, não. Mas tudo bem, está registrado aqui”, afirma o juiz Roberto Ferreira Filho.
Ameaças – Jamil Name e Jamil Name Filho são acusados de chefiar uma organização criminosa responsável por execuções ocorridas em Campo Grande nos últimos anos. Conforme as investigações do Gaeco e da força-tarefa da Polícia Civil, as vítimas eram desafetos da família Name. Contrariando as aparências, o idoso de 81 anos, que se diz frágil e com problemas de saúde, mostrou-se contrariado ao ameaçar um investigador do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros).
Sem saber que estava sendo gravado, Jamil Name teria xingado o policial pouco antes dele iniciar seu depoimento. “Esse aí é outro vagabundo e mentiroso, também tem que morrer”, segundo confirmou o próprio investigador do Garras, ao Diário Digital.
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foi informado e vai tomar providências, assim como o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) que coordena as investigações da Operação Omertà. O que pode levar a novas denúncias contra Jamil Name.
Defesa – A reportagem do Diário Digital, um dos advogados de Name, Tiago Bunning que participou da audiência, informou estar “bastante preocupada com a saúde mental dele” e disse que Jamil estaria “fora de si”, falando coisas ”surreais”.
Em nota, juntamente com o advogado Rene Siufi, que também faz a defesa do réu, ele afirmou que 'Jamil Name em razão da idade avançada, 81 anos, somado aos diversos problemas de saúde e, principalmente ao brutal isolamento que está submetido em um presídio federal, em regime de RDD e sem contato com familiares e advogados por conta da Pandemia, obviamente começa a sofrer redução de seus processos cognitivos assim como a visão da realidade começa a ficar deturpada, isso fica claro em todas as suas declarações. Nestas condições, a defesa teme por sua saúde física e mental. Tudo isso somente comprova a necessidade imediata de sua transferência para que fique próximo da família e de seus advogados, demonstrando também que o mais adequado seria a urgente concessão de uma prisão domiciliar.'
Confira parte do vídeo:
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