Artigo
Despedindo-me do grande atleta Valdecir Carbonari -*Laerte Tetila
| DO AUTOR
Valdecir, como eu, viemos para Dourados na década de sessenta, oriundos de minha cidade natal, Santo Anastácio-SP. Ele em 1962 e eu em 1968.
Tive a felicidade de conhecê-lo ainda pré-adolescente, quando foi morar, com a família de seu tio Ramão Villar, que tocava um armazém a cem metros de minha casa, a fim de completar o ginasial e o científico.
Ainda menino, eu frequentava o Ginásio Estadual de Santo Anastácio (GESA), onde meu pai, João José Tetila, era funcionário. E foi em meio aos estudantes que tive a felicidade de conhecer o Valdecir.
À época, o que mais ficou em minha lembrança foi que, na turma em que Valdecir estudava, havia um menino, de nome Joaquim Barbosa, de excepcional talento na arte de pintar. E nesse tempo em que o gibi era o coqueluche da garotada, Joaquim pintou e elaborou um deles, cujo enredo foi o de uma viagem espacial, onde seus colegas apareciam no interior da nave. Apareciam como figurantes, pois o piloto era Valdecir Carbonari, portanto, considerado um líder desde garoto.
De fato, desde tenra idade esse consagrado atleta já mostrava o quanto era bom de bola. Valdeci, em 1960, foi campeão infanto-juvenil, num dos campeonatos mais disputados e prestigiados de nossa cidade. E eu, palmeirense como ele, como não era de se jogar fora, também recebi essa mesma faixa, em 1962, no estádio da cidade, José Spaus da Silva.
Aprovado em concurso do Banco do Brasil, Valdecir foi designado para Dourados, onde foi liderança na implantação da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), que tinha um timaço, que chegou a jogar até em Assunção, contra o legendário Olímpia.
Valdecir, em sua trajetória de atleta, com certeza, encheu de orgulho a galera desportiva douradense. De boa lembrança sempre será ter erguido a taça de “campeão do Estado” por nada menos do que sete vezes: quatro pelo Ubiratã e três pelo Operário. E ainda teve fôlego para fundar o Saudade Futebol Clube, onde continuou jogando e abrilhantando os gramados do Estádio da Leda, mesmo após seus sessenta anos.
Hoje estive lá, na derradeira despedida, com meu mano Amauri Tetila, e em nome de toda a nossa família, levando o nosso abraço fraterno à Vera, sua esposa, aos filhos e demais parentes, na certeza de que Valdecir Carbonari, “o atleta”, já recebeu o cartão verde do Mestre para adentrar ao Reino e, como capitão que sempre foi, guardar as posições de muitos grandes boleiros douradenses, que também passaram a jogar nos campos celestiais.
*Laerte Tetila, professor e ex-prefeito de Dourados.
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