Brasil tem 1,1 mil contaminações e 82 mortes de índios por coronavírus

Ao todo, 8,5% das 5,8 mil aldeias indígenas no Brasil registram casos de infecção; governo federal está preocupado com três áreas no Norte, já que a prevenção e o tratamento envolvem questões legais e logísticas específicas

| ESTADãO


O Brasil tem hoje 1.170 índios infectados pelo novo coronavírus e foram registradas 82 mortes pela doença entre os povos indígenas. Há ainda 486 casos suspeitos, de acordo com números divulgados nesta terça-feira, 9, pelo Ministério da Saúde. A letalidade dos povos indígenas em decorrência do novo coronavírus, no entanto, é de 3,9% - menor do que a média nacional de 5,2%.

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O governo federal sinalizou preocupação especial com três áreas no Norte do País, já que a prevenção e o tratamento envolvem questões legais e logísticas específicas. Ao todo, 8,5% das 5,8 mil aldeias indígenas no Brasil registraram casos do novo coronavírus. Os números são referentes aos quase 752 mil indivíduos que se encontram nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), sob jurisdição da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Não contemplam pessoas residentes em outros lugares que se autodeclaram da etnia. 

Os DSEI que mais preocupam o governo, segundo o secretário especial da Sesai, Robson Santos, são o Alto Rio Solimões (AM), Alto do Rio Negro (AM), Vale do Javari (AM) - este último abriga a maior quantidade de indígenas isolados e registrou 16 casos de contaminações.

O Alto Rio Solimões é dono dos maiores números de infecções e mortes entre os distritos sanitários do País. Da população de 70,9 mil pessoas, 444 foram infectadas e 23 morreram.

Entre as medidas apontadas pela Sesai estão o reforço das Unidades de Atenção Primária Indígena (UAPIs) com o uso de oxigênio e oxímetro e as missões conjuntas com Ministério da Defesa para envio de equipamentos e apoio de pessoal para Hospitais Militares no Amazonas.

Questionado sobre a dificuldade de preenchimento de vagas de profissionais da saúde em distritos indígenas, Santos admitiu que há dificuldade por causa da alta demanda de profissionais da saúde. O ideal, segundo ele, é uma unidade de saúde contar com um médico e um enfermeiro ao menos, mas há áreas que funcionam com dois enfermeiros. 

Conforme o Estadão mostrou, a saúde indígena foi a área que mais perdeu recursos entre as políticas públicas voltadas aos direitos destes povos no ano passado. Além disso, houve denúncias de que órgãos como a própria Funai não teriam utilizado a verba que receberam para ações de proteção contra o novo coronavírus.

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