Artigo
Como evitar a comunicação violenta no trabalho -*Bruno Martins
| ASSESSORIA
Num contexto corporativo em que os processos são feitos de forma ágil e quase sempre com o apoio da tecnologia, o ato de escuta das necessidades, anseios, angústias do colega de trabalho, muitas vezes, acaba ficando de lado. Ouvir um profissional passa também por dois princípios importantes que são a empatia e a comunicação. No atual momento do mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, a comunicação não violenta é a expressão-chave para a consolidação de um ambiente saudável e eficaz.
Com base nas premissas desenvolvidas pelo psicólogo americano Marshall Bertram Rosenberg, o sucesso desse processo está baseado em estabelecer relações afetivas e eficazes, numa conexão integral com o outro e sem julgamento alheio. Trata-se de premissas que podem ser implementadas na resolução de desentendimentos e discussões de qualquer origem como pessoais, familiares, negociações e que também vêm sendo muito utilizadas em conflitos no ambiente corporativo.
A primeira coisa a se perguntar é se o seu líder no trabalho utiliza uma abordagem da comunicação de uma via de mão dupla em que ele é capaz não somente de falar, mas de ouvir o que o outro tem para dizer. Nesse processo, é estabelecida uma conversa franca e corajosa. Nessa escuta ativa, as interações devem acontecer com respeito e empatia. Esses dois fatores fazem com que haja um alívio de tensão, mesmo em situações de conflito.
O próximo passo está na observação das ações ou falas da pessoa que apresenta uma opinião diferente que está incomodando. Esse processo deve ser feito de forma imparcial e com base em fatos, não em interpretações, suposições ou julgamentos. Nesse momento, o esforço é ver se é possível ter algo a acrescentar de forma positiva.
Outro passo refere-se ao reconhecimento claro das necessidades que surgiram da etapa anterior, a partir do entendimento sobre o sentimento que foi despertado. Aqui, ao invés de julgarmos o colega de trabalho pelo que fez ou falou, é necessário tentar identificar as necessidades dele que não estão sendo atendidas. Por outro lado, quando ele expressa claramente esse desejo não acolhido e, também, identifica, nomeia e expressa o sentimento ligado a isso, a possibilidade de que seja atendido aumenta.
Por fim, é o momento de deixar claro o que realmente deseja, sem apresentar questões abstratas e ambíguas. Fazer o pedido de forma concreta e com uma linguagem positiva pode dar mais clareza sobre como esse pedido poderia enriquecer o trabalho de todos os envolvidos. Óbvio que é mais fácil e agradável quando as pessoas com quem passamos grande parte do dia trabalhando adivinhem o que estamos precisando, mas é injusto esperar essa atitude delas.
Na prática, por exemplo, quando um colega de trabalho grita com você, é preciso parar (observação), perceber como se sente (sentimento - irritado), dizer como quer ser tratado (necessidade - com respeito) e chamá-lo para conversar (pedido).
Em suma, sabemos que esse processo não é fácil e que o profissional tem o receio de receber uma resposta negativa. Por isso, a comunicação não violenta é um convite para que sejam feitas conversas corajosas, mais eficazes e menos acusatórias, principalmente, no ambiente corporativo. É o primeiro passo para a criação e uma conexão com o outro e o estabelecimento de um vínculo de confiança, utilizando uma rota para diminuição de conflitos. Usar uma comunicação não violenta não é uma tarefa fácil e pode ser muito desafiador. Mas é uma habilidade importante para que continuemos mais humanos mesmo em situações corporativas adversas.
*Bruno Martins é CEO da Trilha Carreira Interativa.