Grávidas falam da dificuldade do pré-natal em tempos de pandemia

Mães de "primeira viagem" contam que jamais imaginavam ter um filho em meio ao período de isolamento social e ficar sem o marido e familiares na hora do parto.

| G1 / GRAZIELA REZENDE, G1 MS


Ao mesmo tempo em que as consultas pré-natal começaram, também teve início a insegurança diante da pandemia do novo coronavírus. E, sozinhas, muitas gestantes tiveram que controlar a emoção e ainda contar com a tecnologia para gravar vídeos, tirar fotos e somente depois mostrá-las ao companheiro e o restante da família.

Por outro lado, muitos médicos optaram por consultas online e, desta forma, as mães e estes profissionais vão se adaptando aos "novos tempos".

"É triste e, muitas vezes, parecia que só eu estava curtindo a gravidez. Só que não é bem assim e então eu ia filmando e mandando os vídeos para ele [marido]. No momento mais legal, em que ela estava com o rosto formado e depois teve um momento dela bocejando, eu estava sozinha. Agora, com nove meses, nossa maior preocupação está sendo com o local do parto. Meu marido esteve presente em todos os momentos e até por isso mudamos a maternidade", afirmou ao G1 a dentista Estela Viviane Vieira Riveiro, de 34 anos.

O pai da Maria Eduarda, o médico veterinário Eduardo Lima dos Santos, de 35 anos, disse que, em diversos momentos, teve a sensação de "não estar participando da infância da filha". "A gente sempre quer estar perto, principalmente, nestes momentos de gravidez. É diferente de estar ali ao vivo, é igual assistir a reprise de um jogo de futebol. A emoção é outra. Eu sei que eu estava ali perto, mas, é do outro lado. Penso até nas perguntas que eu poderia fazer, alguns esclarecimentos que a mãe até esquece diante a emoção de ver o bebê no ultrassom", comentou.

Conforme Eduardo, mesmo assim, ele fala da emoção ao ver a filha bocejando. "É algo que me deixou emocionado. Na verdade, eu converso com ela na barriga mesmo e já sei até a música que ela gosta. Falam em músicas calmas, mas, como sou muito agitado, coloco uma música assim também. Agora estou em Bonito, por conta do trabalho, e ela em Campo Grande. Quando chegar a hora, estarei lá", disse o pai.

Além do ultrassom, a dentista também fala que teve de participar de consultas online e também desmarcar algumas consultas. "Foi bem complicado para atender e eu tive até infecção urinária, já que tinha que usar a máscara PFF2, mais a cirúrgica e ainda o escudo por cima. Dava bastante trabalho para tirar e então eu nem tomava água direito. Só que eu tomei o medicamento e já está tudo certo, graças a Deus", relembrou.

Ainda conforme Ribeiro, a higienização também foi rígida no consultório dentário. "Eu fui reduzindo os horários, porém, precisava terminar algumas restaurações com pacientes. Eu limpava tudo a cada atendimento e parei com 36 semanas. E também parei totalmente com as limpezas, pelo fato do jato de bicarbonato e mexer muito com a saliva", disse.

A também dentista Bianca Valverde, de 34 anos, conta que ficou grávida e o nascimento da filha ocorreu no dia 13 de abril deste ano. "O que mais me impactou foi o último mês da gestação. O isolamento começou mais ou menos no dia 15 de março e bateu muita insegurança, principalmente por eu ser mãe de primeira viagem", falou.

Desde o início da gravidez, Bia conta que idealizou todo o processo e jamais imaginou ter uma filha em época de uma pandemia. "Eu contratei o fotógrafo, pensei em dar as lembranças para os visitantes. Poucas semanas antes, não imaginava que tudo issa ia acontecer. Ficou tudo pago e agendado, então, tive de fazer mudanças, como cancelar as lembranças e pedir pra fotógrafa ir na minha casa depois. Fiquei ansiosa também pela falta do meu marido e mãe por perto e até por isso troquei a maternidade", finalizou.

Grávida de gêmeos, a enfermeira Francieli Pires Shimoya, de 34 anos, conta que passou o final de semana arrumando as bolsas para levar na maternidade. Por conta do trabalho, ela iniciou o pré-natal em Aquidauana, na região oeste do estado, e o marido a acompanhou nas consultas.

"Ele só não estava presente na consulta em que descobrimos que eram gêmeos. No final de março eu fui dispensada pela secretaria de saúde, por conta da gravidez ser de risco e desde então estou em Campo Grande. Nós já viajamos duas vezes para Aquidauana por conta do médico que me acompanhou em todo o pré-natal, durante a pandemia e lá tínhamos todo o cuidado, com máscara e muito cuidado", relembrou.

Na capital sul-mato-grossense, a enfermeira conta que são inúmeras as regras para evitar aglomeração, porém, ainda conseguiu estar o tempo todo na companhia do marido. "Na maternidade estava proibido o acompanhamento do pai, ficamos tensos quando soubemos. Mas, agora parece que está podendo com regras e estamos muito ansiosos com a chegada dos meninos. Mesmo diante à pandemia, estamos felizes", finalizou.



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