Mon enfance dans le Mato Grosso é o título dado à edição francesa de Lembranças do sítio que acaba de ser lançado em Paris pelas Edições Poisson Volant. A tradução é de Dominique Stoenesco e as ilustrações, como na edição em português, da pintora naif Lourdes de Deus.

“Memórias reais ou inventadas? Não importa. A poesia que exala das páginas de terra molhada e florestas grandiosas respondem todas as perguntas. A menina que nos conta sua vida em episódios, fragmentos, como se inventa a vida de uma boneca, é engraçada. émocionante. Ela nos mostra um Brasil de antes que ela quer manter em sua memória. Com esses contos, essas fábulas, essas histórias, Mazé leva-nos para sua casa, que será em breve a nossa. Na apresentação o leitor é convidado a esquecer o mundo exterior, bem acomodado em sua rede. Com tal nível de lirismo, beleza e poesia, ele poderá até mesmo chegar em um metrô superlotado”, diz a apresentaça da nova edição..

Mazé Torquato Chotil nasceu em Glória de Dourados-MS, foi para São Paulo estudar, em meados dos anos 1970 e reside em Paris desde 1985.

Jornalista, pesquisadora, é doutora em informação e comunicação pela Paris VIII e pós-doutora pela EHESS. É autora de Minha Paris Brasileira; Lembranças do sítio; Lembranças da vila; Minha aventura na colonização do Oeste; Trabalhadores exilados; José Ibrahim; Maria d’Apparecida negroluminosa . Na Rota de traficantes e No Crepúsculo da vida. Em francês, publicou Ouvrières chez Bidermann, L’Exil ouvrier e Maria D´Apparecida – Une Maria pas comme les autres.

Dominique Stoenesco, o tradutor, nasceu em Besançon. Foi professor de português do Ensino secundário público na região parisiense e na Faculdade de Direito de Paris XII - Val-de-Marne. Traduziu para o francês vários livros de autores lusófonos (romance, conto, poesia). É membro correspondente da Academia de Letras de Salvador da Bahia.

Lourdes de Deus, pintora naïf, ilustrou com quadros as diferentes histórias-capítulos. Osasquense desde seus dois anos, vive entre São Paulo e Goiânia. É casada com o pintor Waldomiro de Deus. Convivendo com o dia a dia do artista, tomou gosto pela arte e desde 1992 não abandonou mais os pinceis.

Marcelo Marinho, doutor em literatura geral e comparada pela Sorbonne-Nouvelle e docente pesquisador na área de Literatura Comparada e Literatura Brasileira na Unila, fez apresentação da primeira edição: Mazé Torquato Chotil traz à luz algumas belas páginas de lembranças inventadas, mais verdadeiras que qualquer relato historiográfico: “Tudo que não invento é falso”, diz Manoel de Barros. Essas lembranças são inventadas na medida em que a palavra – sobretudo a palavra poética – é o instrumento para materializar entes e acontecimentos que se diluíram no passado, tempo que já não existe, desfeito na espuma da hora e no calor dos acontecimentos em constante devir.

Essas lembranças têm o aroma do café que descansa sobre o fogão à lenha, do leite ordenhado sobre uma pitada de canela em caneca de louça, da terra molhada pela chuva após longa estiagem. De Paris, onde agora vive, Mazé busca recuperar os traços de uma infância miticamente transcorrida em meio às aroeiras, aos guavirais e pequizeiros do cerrado, matizada pelas cores dos ipês, tucanos e araras. O leitor tem em mãos um universo mirífico e multifacetado, para ser degustado à sombra da varanda, esparramado como se possa sobre a macia rede de algodão de fatura guarani.

Site da Editora Poisson Volant

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