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De estupro a assédio, mulheres usam rede social para denunciar abusos em MS: 300 posts em 48 horas
Estudante que criou perfil já recebeu centenas de denúncias e diz que não há motivo para mulheres estarem mentindo. Envolvidos nas postagens registraram ocorrência.
| G1 / GRAZIELA REZENDE, G1 MS
De estupro a assédio, mulheres usaram um perfil na rede social para falar de possíveis assediadores, em Campo Grande. A postagem foi feita por uma internauta, que usou o termo americano "exposed" que, em português, significa uma hashtag para expor situações de violência na internet. As denúncias chegaram ao conhecimento da Polícia Civil e alguns envolvidos já registraram boletim de ocorrência.
"Entrei desde ontem para acompanhar as postagens e constatar se há indícios de prova em alguma denúncia específica. A intenção é dar suporte para as mulheres, já que este é um movimento social muito interessante, em que uma mulher se sente acolhida na dor da outra. Não podemos chamar de denúncias e sim de declarações. No entanto, aquelas que escolherem ir na delegacia, podem contar com o nosso suporte e seguir judicialmente", afirmou ao G1 Rachel Magrini, presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ-MS).
Ao todo, Rachel disse que já conversou com sete mulheres. "Elas não quiseram fazer a denúncia na delegacia, até por conta das provas. Acredito que é mais um desabado de rede social, já que muitas delas tinham vontade de denunciar esses crimes. E ver a dor da outra, com certeza, encorajou muitas delas a falarem e ali existe o espaço", avaliou.
A estudante de 19 anos que criou o perfil não quer ser identificada. Ele disse que a ideia surgiu após conversar com uma amiga sobre o problema. "Agora, já temos 50 denúncias e estão pensando em algo estratégico. Não vejo nenhum motivo para estas mulheres estarem mentindo e vamos fazer um projeto com isso, dando apoio psicológico e jurídico. Eu comecei a receber ameaças e então encaminhei para fazer outras postagens, já que são mais de 300. É algo muito complicado e ainda que estamos pensando no que fazer", finalizou.
Envolvidos registram ocorrência
No início desta semana, ao saber das postagens, um jovem de 21 anos foi até a delegacia e registrou ocorrência, negando ser ele o abusador sexual de uma garota. Ele se identificou com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e disse que nome dele foi citado na postagem, algo que teria ocorrido no ano de 2018.
O jovem disse ainda que a página foi criada de forma anônima e não tem conhecimento de quem a fez. Ele falou ainda que deseja representar criminalmente contra os envolvidos. Da mesma forma, um rapaz de 26 anos também compareceu na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), falando que na última segunda-feira (1), por volta das 22 horas (de MS), recebeu a mensagem de um amigo, da mesma idade, em que ambos seriam assediadores.
Na postagem, ambos seriam "abusadores de várias meninas em boates e roles pela cidade". Eles negam o crime, falando que não possuem a rede social citada e muito menos conhecem a pessoa que fez tal declarações. Eles comentaram que já tiraram prints das conversas e irão apresentar em "momento oportuno".