Sultan, um parlamentarcombativo que faz falta

| REDAçãO


“O amanhecer é uma maravilha, o sol brilha intensamente, a tarde é mansa e suave o crepúsculo, a noite com seus mistérios e seus duendes. Indago, que segredos encerram tudo isto? Não sei, mas o Isaac D. de Barros Junior, esse sabe ‘ouvir e entender estrelas’ no dizer do poeta Olavo Bilac. Ouça o programa da Rádio Clube as 21,30 h na voz do excelente locutor Sultan Rasslan (Foto) que declama belas poesias do poeta douradense”. (Transcrito da coluna Ronda Semana, de Ariel, publicada na edição do dia 24 de fevereiro de 1968 no jornal O Progresso.
Aliás, no mesmo ano, Sultan também apresentava o “Fatos e Notícias, ao lado de João Franco, na Rádio Clube, programa que tinha como diretor e redator, o Valdery. Sultan também exercia a função de professor na Escola Presidente Vargas (o que continuou nas décadas seguintes).
Sultan foi um dos primeiros e mais importantes locutores da Rádio Clube de Dourados. Deixou a sua marca gloriosa na emissora de Jorge Antônio Salomão.
Essa introdução serve para definir, um pouco, sobre o trabalho do professor aposentado Sultan Rasslan, também locutor de rádio e notável parlamentar – exerceu os cargos de vereador em Dourados e de deputado estadual, deixando, também, a sua marca na história da política doura-dense e sul-mato-grossense.
Sultan Rasslan, vale lembrar, foi um dos fundadores do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), ao lado dos também professores Wilson Biasotto e Antônio Carlos Biffi.
Vereador
Em novembro de 1976, Sultan Rasslan foi eleito vereador em Dourados, pelo MDB, com 801 votos, tomando posse no dia 1º de fevereiro de 1977. Em seguida, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Dourados. No mesmo ano, ele foi eleito vice-presidente da Associação dos Vereadores do Sul de Mato Grosso.
Vale lembrar que, além de Sultan, foram eleitos vereadores em 1976 e tomaram em 1977: Celso Muller do Amaral (Arena); Anis Faker (Arena); Walter Carneiro (Arena); Valdenir Machado (Arena); Nilson Vieira de Matos (Arena); Daniel Noia (Arena); Joel Pizzini (Arena); Roberto Djalma Barros (Arena), Mariano Cândido de Arruda (Arena), Saul Freire (Arena); Juarez Fiel Alves (MDB); e Ramão Fonseca de Souza (MDB). O prefeito eleito foi José Elias Moreira (Arena).
Como se vê, a Arena elegeu 10 vereadores, enquanto o MDB, apenas três. Mas, apesar disso, o MDB conseguiu eleger o presidente da Câmara (Sultan), porque contou com o apoio da ala udenista liderada pelo ex-prefeito João Totó da Câmara. A outra ala udenista, que apoiou Zé Elias, fazia parte da corrente liderada no Esta-do pelo ex-governador Pedro Pedrossian. Uma Câmara formada só por pesos-pesados.
Deputado constituinte
As eleições estaduais em Mato Grosso do Sul em 1978 ocorreram em virtude da criação do Estado por força da Lei Complementar nº 31 sancionada pelo presidente Ernesto Geisel em 11 de outubro de 1977.
E o vereador Sultan Rasslan (MDB) foi um dos deputados constituintes, eleito com 8.469 votos. Os outros eleitos foram: Ramez Tebet (Arena), Paulo Saldanha (Arena), Londres Machado (Arena), Cecílio Gaeta (MDB), Getúlio Gideão (MDB), Valdomiro Gonçalves (Arena), Sérgio Cruz (MDB), Onevan de Mato (MDB), Osvaldo Dutra (Arena), Horácio Cersósimo (Arena), Alberto Cubel (Arena), Rudel Trindade (Arena), Odilon Nacasato (MDB), Walter Carneiro (Arena); Zenóbio Santos (Arena); Roberto Orro (MDB); e Ary Rigo (Arena).
Candidato a prefeito
Em 1982, Sultan Rasslan decidiu sair candidato a prefeito de Dourados. Era um parlamentar combativo, adorado por muita gente e elogiado nas esquinas dos cafés.
No entanto, o candidato Luiz Antônio Gonçalves, do PDS, (apoiado pelo prefeito Zé Elias que saiu candidato a governador), foi eleito prefeito com 11.065 votos. João Totó da Câmara (PMDB), obteve 10.508 votos e Sultan, 8.730 votos.
Além deles, outros cinco candidatos também disputaram as eleições: Braz Melo (PDS), 8.692 votos; Ramão Peres (PDT), 421; José Joaquim de Souza (PT), 178; Cícero Irajá Kurtz (PDT), 174; e Isaac de Barros Júnior (PDT), 33 votos.
Depois disso, Sultan foi se afastando da vida política-partidária aos poucos, mas, nunca deixou de ser o mesmo cara de antes: democrático, combativo e carinhoso com seus filhos, netos e amigos. Afinal, para que melhor do que isso. Família!
Num certo dia, Sultan, presidente da Câmara, foi à sede do O Progresso. Eu estava conversando com o “seo” Amaral (Vlademiro Muller do Amaral), diretor do jornal, quando o vereador chegou. Depois dos cumprimentos, Sultan disse: “Eu vim aqui trazer o cheque do jornal” – O Progresso era órgão oficial da Câmara de Dourados, ou seja, publicava todos os atos oficiais do Legislativo.
Sultan entregou o cheque e depois de mais algum papo foi embora. O “seo” Amaral virou prá mim e disse: “Tá aí um político honesto”.
Geralmente, alguém do jornal é que iria buscar o cheque no setor competente da Câmara. E isso, muitas vezes, enrolava muito.
Hoje em dia, esse tipo de prestação de serviço é feito através de agência de publicidade.
Não sei se Sultan lembra disso. Mas, eu não esqueço.
Só sei (ou acredito) que a trajetória política de Sultan ocorreu dentro dos moldes da trajetória do ex-prefeito Vivaldi de Oliveira (PTB), um homem que fez muito por Dourados e que, aos poucos, foi deixando a política de lado.

 

(O Progresso)



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