MS pode registrar mais de 118 mil casos de Covid-19 e ter colapso na saúde, estima estudo da UFMS

Modelo matemático ajustado por dois professores da UFMS estima número de casos de coronavírus nos próximos 60 dias. Tendência é que estado atinja 118 mil registros no dia 31 de julho.

| G1 / G1MS E TV MORENA


Um estudo matemático desenvolvido por dois professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mostrou um possível colapso no sistema de saúde, além de prever mais de 118 mil casos no estado até o dia 31 de julho deste ano.

Conforme a UFMS, o estudo conduzido pelos professores Erlandson Saraiva, do Instituto de Matemática (INMA) e Leandro Sauer , da Escola de Administração e Negócio (ESAN), iniciou há cerca de 50 dias. Os professores coletaram os dados desde o primeiro caso confirmado de Covid-19 no estado, no dia 14 de março, até o último dia 31 de maio, para realizar a pesquisa.

Inicialmente, os pesquisadores ajustaram dois modelos de crescimento matemáticos, considerando os 79 dias de coronavírus no estado e projetando os números dos próximos dois meses. De acordo com eles, devido ao aumento significativo dos casos no mês de maio, não foi possível ajustar um único modelo aos dados coletados. Para a pesquisa, os professores utilizarem um modelo de cálculo entre os dias 14 de março e 30 de abril e um outro modelo, exponencial, para os dados do dia 1° de maio a 31 do mesmo mês.

A mudança dos modelos se deve ao fato de que Mato Grosso do Sul registrou aumento de 83% no número de casos confirmados da Covid-19 no último mês. Os 255 casos em 30 de abril saltaram para 1.489 casos em 31 de maio. “Se a tendência futura das notificações continuar de acordo com o modelo Exponencial estaremos em uma situação extremamente preocupante indicando a necessidade de intervenções para conter a proliferação da Covid-19', analisam os pesquisadores.

Conforme a pesquisa, a estimativa para o dia 31 de julho é de 118.908 casos no estado. O estudo ainda projetou a quantidade de pessoas com coronavírus que poderão precisar de atendimento em leitos clínicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Com base nos dados atuais, as estimativas dos professores é de que em 10 de agosto a quantidade de pacientes com Covid-19 que precisarão de leitos clínicos (1.106 pessoas) será superior a quantidade de leitos disponíveis (1.068).

Já para os leitos de UTI, é estimado para o dia 3 de agosto que o número de pacientes ultrapasse o de unidades. Campo Grande, porém, vai na contramão do estado, com uma situação “controlada', segundo os pesquisadores. A estimativa do estudo dá conta de 1.630 casos confirmados da doença na capital, com pico no dia 13 de julho.

"A partir desta data, estaremos em uma fase de redução das taxas notificação. Além disso, o modelo não mostra evidências de um colapso do sistema de saúde pública de Campo Grande. Esta situação pode ser um reflexo das ações de isolamento social adotadas já início dos casos confirmados no Brasil, mas podem mudar com o afrouxamento das regras', disseram os pesquisadores.

Para a infectologista Mariana Croda, o estudo é importante para alertar as autoridades de saúde, mas deve ser levado ainda mais a sério pela população. Croda explica que medidas drásticas devem ser adotadas para evitar o colapso no sistema de saúde e que a conscientização dos sul-mato-grossenses, respeitando o isolamento social e normas de higienização e biossegurança, é tão importante quanto a ação de prefeituras e do governo do estado.

Até a manhã desta terça-feira (2), Mato Grosso do Sul possui 1.646 registros confirmados de coronavírus em 49 dos 79 municípios. 20 pessoas morreram de Covid-19 no estado e 650 já se recuperaram da doença.



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