Funai anuncia que recorrerá da suspensão da nomeação de missionário evangélico

| PãO DIáRIO


Após o desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), suspender a nomeação do evangélico Ricardo Lopes Dias para a chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, a Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou que recorrerá da decisão.

Dias, que já atuou como missionário junto a tribos indígenas, tem vasto currículo acadêmico na área de antropologia, sendo doutor em Ciências Humanas e Sociais.

 
Sua nomeação foi questionada pelo Ministério Público Federal (MPF) por conta de sua ligação com a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), que atua na região Amazônica na evangelização de povos indígenas.

A Funai considerou ‘fantasiosa’ o argumento do desembargador de que ex-missionários podem mudar a política de isolamento voluntário dos indígenas: “A referida Coordenação foi historicamente ocupada por católicos militantes ou simpáticos à teologia da libertação. Até quando era assim, nunca houve judicialização relativa ao provimento do cargo”, diz a nota do órgão.

“A decisão parte da fantasiosa conclusão de que ex-missionários evangélicos, ocupando o cargo, podem mudar a política de isolamento voluntário dos indígenas menos integrados do país”, acrescenta a Funai, dizendo que espera a decisão ser corrigida pelos tribunais superiores.

Segundo informações do jornal O Globo, Ricardo Lopes Dias foi nomeado em fevereiro após uma mudança no regimento interno da Funai, que passou a admitir a nomeação de especialistas que não sejam funcionários de carreira para a função que tem como prioridade a proteção de povos isolados.

Lopes Dias teve ligações com uma instituição missionária nos últimos anos, e a Funai garante que o antropólogo se desvinculou dos trabalhos de evangelização.

Na imprensa, há depoimentos de indígenas que trabalharam com o pastor apontando para uma atuação de bastidores recente, não apenas pela Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), mas também na Primeira Igreja Batista de Guaianases (SP), com foco na formação de futuros ministros que dariam a continuidade ao trabalho por ele iniciado.



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