Agropecuária desacelera, mas participação no total do PIB aumenta

| BRASILAGRO


A agropecuária adicionou R$ 120 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) neste primeiro trimestre. O valor representou 6,6% do total de R$ 1,8 trilhão e é o maior valor nominal trimestral até agora.

A participação do valor adicionado da agropecuária no PIB total, que era de 5,3% no primeiro trimestre de 2019, subiu para 6,6% neste ano.

Com isso, o setor teve uma evolução de 1,9% nos três primeiros meses, quando comparado o desempenho atual com o de igual período de 2019.

 

A agropecuária continua dando suporte ao PIB nacional, mas as taxas já são em ritmo menor. No primeiro trimestre deste ano, a evolução foi de 0,6%, em relação ao quarto trimestre de 2019, quando a agropecuária tinha recuado 0,4%.

O setor agrícola, contudo, é o único que mantém evolução positiva em todas as comparações feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos últimos quatro trimestres, o setor teve evolução positiva de 1,6%, em relação aos quatro anteriores.

Embora o PIB da agropecuária apresente taxa positiva, o setor não está imune aos efeitos da pandemia provocada pela Covid-19.

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) previa, em março, uma taxa de crescimento de 3,8% para a agropecuária em 2020.

Agora, dependendo da intensidade do estresse econômico, a evolução será de apenas 1,3%. Sem um grande estresse, a evolução do PIB agropecuário poderá atingir 2,5%, avalia o instituto.

A evolução da taxa no primeiro trimestre ocorre devido ao bom desempenho de algumas safras típicas do período.

Após uma queda de produção para 113 milhões de toneladas em 2019, a soja deverá chegar a 123 milhões neste ano. Além de área maior, houve um aumento de produtividade. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a alta da produtividade será de 2%.

Uma outra surpresa neste primeiro trimestre foi a evolução da colheita de arroz. Em queda nos últimos anos, devido à baixa remuneração recebida pelos produtores, a colheita desse cereal deverá ficar próxima de 11 milhões de toneladas, com aumento de 4%.

O lado negativo deste início de ano são a queda de produção na pecuária e a redução na produtividade do milho.

Os abates de boi caíram 9,2% no primeiro trimestre, em relação a igual período do ano passado.

Houve uma oferta menor de bois devido ao abate de fêmeas nos anos anteriores. Já a suinocultura e a avicultura mandaram mais animais para os frigoríficos.

A safra recorde de grãos neste ano auxilia na evolução do PIB. A pecuária, no entanto, embora esteja havendo uma boa demanda externa, vai sofrer com a queda de demanda interna nos próximos trimestres (Folha de S.Paulo, 30/5/20)



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