Sete pesquisadoras da Embrapa estão entre as mulheres mais poderosas do agro

| EMBRAPA BR


Foto: Divulgação

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Rural, a Forbes Brasil publicou no dia 15 sua primeira Lista das 100 Mulheres Poderosas do Agro. Sete delas são pesquisadoras da Embrapa: Elizabeth Fernandes (Embrapa Gado de Leite), Fabiana Villa Alves (Embrapa Gado de Corte), Henriette Azeredo e Morsyleide Rosa (ambas da Embrapa Agroindústria Tropical), Lourdes Brefin (Embrapa Solos), Maria Fatima Grossi de Sá (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) e Mariângela Hungria (Embrapa Soja).

Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1995, o Dia Internacional da Mulher Rural procura elevar a consciência mundial sobre a importância da figura feminina como protagonista nas mudanças econômicas, sociais, ambientais e políticas.

A relação da Forbes foi elaborada por meio de pesquisas de campo, entrevistas com lideranças e participações dessas personalidades em reportagens especiais. Foram selecionadas mulheres que se destacam na produção de alimentos de origem vegetal e animal, na academia, na pesquisa, nas empresas, em foodtechs, em consultorias, em instituições financeiras, na política, nas entidades e nos grupos de classe e nas redes sociais.

A diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Martin, considera a presença das sete cientistas na lista um reconhecimento a todas as empregadas. “Parabenizo nossas pesquisadoras pelo merecido destaque dado ao trabalho que realizam. A escolha de sete profissionais da Embrapa é um reconhecimento a todas as pesquisadoras e demais empregadas da Empresa. Elas servem de exemplo e evidenciam o protagonismo que as mulheres estão ganhando na sociedade”, declara.

Conheça as pesquisadoras 

“Aumentando a participação em um ambiente tipicamente masculino”
Elizabeth Nogueira Fernandes assumiu em setembro a Chefia-Geral da Embrapa Gado de Leite. Natural de Viçosa (MG), tem pós-doutorado em Economia do Meio Ambiente pela Unicamp. Segundo ela, a mulher vem conquistando mais espaço no agronegócio. “O setor rural brasileiro é bastante tradicional e tipicamente masculino, mas a participação das mulheres vem aumentando cada vez mais em função da habilidade, organização e sensibilidade feminina”, afirma. A gestora destaca que a capacidade da mulher se faz notar no trato com os animais e na relação com os trabalhadores rurais, contribuindo para o crescimento sustentável da agropecuária.

Elizabeth acredita que esse é um título que deve ser muito comemorado. “Há até bem pouco tempo a mulher era excluída de vários espaços da sociedade e não podia sequer votar. Tivemos que trabalhar muito para ocupar o espaço que hoje ocupamos.” Ela não gosta de utilizar conceitos como “machismo” ou “revolução feminina”, mas não arreda o pé da igualdade de gênero em termos de direitos sociais. E isso parece ser algo intuitivo. Ao assumir a Chefia da UD, só percebeu que os cargos foram distribuídos de forma igualitária entre homens e mulheres após concluir a montagem de sua equipe. “Privilegiamos a capacidade técnica, o que prova que homens e mulheres são igualmente capazes em qualquer grupo social e que não há mais espaço para exclusão”, conclui.

“CCN e CBC aproximam consumidor da ciência”
Pesquisadora em ambiência e bem-estar animal, a zootecnista Fabiana Villa Alves é uma das idealizadoras dos selos Carne Carbono Neutro e Carne Baixo Carbono, iniciativas inéditas no setor pecuário mundial e que inspiram propostas semelhantes na Austrália, Portugal, Argentina, Uruguai e outros países.

“Entrei na Embrapa em 2010, trazendo experiências dos tempos de professora universitária e gerente de pesquisa no setor privado, que se somaram à minha trajetória como pesquisadora em ambiência e bem-estar animal na Empresa, área ainda pouco explorada, à época. Assim chegamos à formulação do CCN e, hoje, podemos dar suporte às Unidades em outros produtos com selo carbono neutro e baixo carbono. O CCN e o CBC são iniciativas únicas, com as quais conseguimos colocar a ciência bem perto do consumidor. Estar nessa lista não é somente um reconhecimento como profissional, mas prova que o esforço valeu a pena, pela Embrapa e pela pesquisa nacional”.

Atualmente, ela é coordenadora-geral de Mudanças do Clima e Agropecuária Sustentável do Departamento de Produção Sustentável do Ministério da Agricultura e está diretamente ligada ao Plano ABC+. Além disso, é a representante do Brasil nos dois maiores fóruns de discussão de pecuária sustentável da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO): o Global Agenda for Sustainable Livestock (GASL) e o Livestock Environmental Assessment and Performance (LEAP).

“Reconhecimento da importância da ciência”
Para Henriette Azeredo, mais importante do que estar individualmente na lista é representar a importância da ciência para o desenvolvimento do País. “Muito se fala em tecnologia e inovação, mas elas só se sustentam a longo prazo sobre o pilar de uma bagagem científica robusta, que deve ser priorizada por qualquer país com foco no futuro”, pontua.

A pesquisadora diz que espera contribuir para a sustentabilidade do planeta. Os estudos que desenvolve auxiliam a valorização dos resíduos de alimentos para que eles tenham um destino mais nobre e ambientalmente mais amigável que o simples descarte. Contribuem também para a produção de materiais biodegradáveis de bom desempenho, que sejam capazes de substituir, ainda que parcialmente, os plásticos de uso único, especialmente para aplicações em embalagem de alimentos.

Em 2019, Henriette figurou na lista Highly Cited Researchers de cientistas mais influentes, elaborada pela consultoria britânica Clarivate Analytics. Ela esteve também na lista dos 100 mil cientistas mais influentes no mundo de 2020, baseada em estudo da Universidade de Stanford (EUA).

“Destaque é resultado do esforço de PD&I da Embrapa”
Morsyleide de Freitas Rosa atua no desenvolvimento de produtos e processos voltados ao uso sustentável e integral da biomassa. Seu foco é converter matéria-prima em diferentes produtos intermediários ou finais, incluindo alimentos, produtos químicos, biomateriais e energia, maximizando os ganhos econômicos, minimizando os aspectos ambientais negativos e melhorando a eficácia e sustentabilidade dos sistemas de produção.

Para Morsyleide, o destaque é resultado do esforço de PD&I da Embrapa na geração de soluções para o aumento da competitividade do agro brasileiro. Segundo a pesquisadora, esse alcance reflete a relevância da Embrapa na promoção da inovação para o setor produtivo.

Ressalta que a pujança do agro brasileiro e a abundância da sua biomassa são importantes para posicionar o País na condição de referência mundial em bioeconomia. Ela reforça que a manutenção de investimentos em PD&I, a parceria com a academia, sobretudo em áreas de ponta, e a proximidade com o setor privado são determinantes para manter a Embrapa na vanguarda da inovação.

A pesquisadora figurou na lista dos 100 mil cientistas mais influentes no mundo de 2020, de acordo com estudo da Universidade de Stanford (EUA).

“Colocando o Brasil na agenda global sobre solos”
A chefe-geral da Embrapa Solos, Lourdes Mendonça Santos Brefin, foi reconhecida pela Forbes por sua forte atuação em redes internacionais de pesquisa e como membro do Intergovernmental Technical Panel on Soils (ITPS) da FAO.

Para Lourdes, a indicação foi uma surpresa. “Eu não esperava. Creio que é uma vitória para as mulheres, principalmente as que trabalham em prol da agricultura, sejam formadoras de opinião, cientistas ou agricultoras. Mas, se ainda existe uma lista de mulheres na liderança, é porque não é um fato corriqueiro, os caminhos são mais tortuosos. De qualquer forma, fico muito feliz em fazer parte.”

“De grande importância também foi poder colocar os solos na agenda global, na da FAO, por exemplo, colocando também o Brasil nessa agenda”, declara a cientista. Outra grande conquista é participar da Aliança Mundial para o Solo, sendo parte do painel intergovernamental técnico de solos durante quase sete anos, liderando a Rede Latinoamericana para Mapeamento Digital da Terra e criando e liderando a Rede Brasileira de Mapeamento Digital de Solos.

“Esse reconhecimento é bem mais difícil para uma mulher do que para um homem nas mesmas condições. A mulher é tão competente quanto o homem liderando em qualquer área. Se essas cem mulheres conseguirem na sua lida diária influenciarem outras, já terá valido o reconhecimento”, afirma.

“É o reconhecimento de toda uma equipe de trabalho”
Com um intenso trabalho sobre a interação molecular entre plantas e pragas, Maria Fatima Grossi de Sá tem um vasto acervo de colaborações para o agro brasileiro, como seu empenho no desenvolvimento de plantas de algodão resistentes ao bicudo e na genômica funcional das plantas a fim de que respondam a estresses abióticos (como a seca) e bióticos (microrganismos patogênicos). Plantas de soja resistentes ao nematoide-das-galhas também fazem parte de sua agenda de pesquisa.

“Eu sou muito honrada em fazer parte dessa lista. Considero esse reconhecimento de muita importância e estímulo a todos os membros da minha equipe, que inclui vários outros pesquisadores, estudantes, jovens doutores, colaboradores. Todo reconhecimento representa sem dúvida o esforço coletivo de toda uma equipe. Eu estou representando a equipe como um todo, e estou muito feliz de poder proporcionar ainda mais motivação e incentivo, principalmente aos jovens cientistas”, declara.

“O olhar feminino na agricultura vai muito além de só produzir”
Mariângela Hungria conduz pesquisas para o desenvolvimento de inoculantes à base de bactérias que substituem os fertilizantes nitrogenados e possibilitam uma agricultura mais sustentável. Ela é uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias de inoculação e coinoculação da soja, o que tem promovido grandes saltos de produtividade no campo. Somente em 2019, a fixação biológica do nitrogênio (FBN) trouxe uma economia de US$ 14 bilhões ao Brasil.

“Estou muito honrada por estar com essas 99 mulheres maravilhosas e poderosas: trabalhando para uma agricultura melhor e mais sustentável. Esse é o olhar da mulher na agricultura, que é muito além de só produzir”, ressalta a pesquisadora.

Em novembro de 2020, Mariangela foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com estudo da Universidade de Stanford (EUA). Intitulada Updated science-wide author databases of standardized citation indicators, a seleção foi realizada a partir de um banco de dados mundial com sete milhões de cientistas e publicado no periódico PLOS Biology.



PUBLICIDADE
PUBLICIDADE