Com quatro ouros, MS faz história e ajuda Brasil a ter melhor campanha em Paralimpíadas

| GOVMS / BEATRICCE BRUNO


O Brasil finalizou, neste domingo (5), a sua participação na Paralimpíada de Tóquio-2020 com o melhor desempenho na história do maior evento esportivo do mundo. No total, foram 72 medalhas, igualando o recorde alcançado na Rio-2016, mas com número superior de ouros (22 contra 14). Os paratletas de Mato Grosso do Sul foram determinantes para o país chegar a este feito, subindo quatro vezes ao pódio, todas no lugar mais alto.

A delegação verde e amarela faturou ainda 20 medalhas de prata e 30 de bronze em solo japonês, o que a fez fechar o quadro geral de medalhas na sétima posição – mesma colocação de 2012, em Londres. No Rio de Janeiro, quatro anos depois, foram 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes, terminando em oitavo lugar.

Rei dos recordes e 100º ouro do Brasil

Yeltsin Ortega Jacques foi o primeiro sul-mato-grossense a colocar medalha no peito e fez história na capital japonesa, com dois recordes quebrados. O contemplado pelo Bolsa Atleta, programa do Governo do Estado, administrado pela Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), garantiu o primeiro ouro do Brasil no paratletismo e o seu primeiro em Jogos Paralímpicos.

O paratleta de Campo Grande venceu com larga vantagem os 5.000 metros rasos da classe T11 (atletas com deficiência visual, com baixa ou nenhuma visão), ao bater o tempo de 15min13s12, melhor marca das Américas e a dois segundos do recorde mundial. Detalhe: a condecoração dourada foi um presente para a Cidade Morena, já que foi obtida exatamente no dia de 122º aniversário, comemorado em 26 de agosto.

E o nome de Yeltsin estará para sempre nos livros de história que retratem o esporte paralímpico brasileiro: o sul-mato-grossense foi o responsável por conquistar a 100ª medalha de ouro do Brasil nos Jogos. O memorável ouro, seu segundo na Tóquio-2020, veio nos 1.500 metros rasos T11 e com direito a novo recorde mundial estabelecido. O fundista terminou a prova em 3min57s60 – a melhor marca do planeta era de 3min58s37, atingida pelo queniano Samwel Kimani na Paralimpíada de Londres-2012.

Guerreiro nas pistas, o campo-grandense de 29 anos ainda tentou a terceira medalha na Tóquio-2020, na maratona da classe T12. No entanto, devido ao cansaço, Yeltsin desistiu na metade da prova, quando completou 21 quilômetros pelas ruas da capital japonesa. Na competição, o corredor teve como atletas-guia Laurindo Nunes Neto e Carlos Antonio dos Santos (Bira).

Estreia dourada

Quem também será lembrado por muito tempo é Fernando Rufino de Paulo. O “Cowboy de Aço' chegou ao Japão para brilhar e alcançou o maior feito da paracanoagem brasileira até hoje em Jogos Paralímpicos, conquistando a tão esperada medalha de ouro. Esta foi a primeira vez que Rufino remou numa Paralimpíada e faturou o ouro nos 200 metros da classe VL2 (canoa havaiana para atletas com deficiência física).

Além do ouro, o paratleta, nascido em Eldorado e criado em Itaquiraí, fez o melhor tempo da história da prova, com a marca de 53s077, disputada nas raias do Sea Forest Waterway. No mesmo local, o sul-mato-grossense também remou os 200 metros KL2 (caiaque) e acabou na sexta posição, finalizando com 43s217.

O sonho de vestir as cores do Brasil em Jogos Paralímpicos poderia ter sido realizado em 2016, no Rio de Janeiro, porém o paracanoísta, contemplado pelo Bolsa Atleta, programa de incentivo do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, foi cortado da seleção tupiniquim por problemas cardíacos.

Bicampeã no salto

A três-lagoense Silvânia Costa de Oliveira confirmou o favoritismo e se tornou bicampeã paralímpica do salto em distância, na classe T11 (pessoas com deficiência visual). Assim como na Rio-2016, a medalha veio com emoção. Na edição brasileira dos Jogos, a paratleta de Mato Grosso do Sul só assegurou o ouro na sexta e última tentativa. Agora, o lugar mais alto do pódio foi alcançado no quinto salto, ao atingir cinco metros cravados, sua melhor marca na temporada.

Silvânia também competiu na prova dos 400 metros (classe T11), mas abandonou a segunda classificatória alegando dores na parte posterior da coxa, por conta do esforço físico nos seis saltos, e ficou de fora das finais.

Em 2016, a paratleta de 36 anos não tinha ideia de que estava grávida e competiu com três meses de gestação, quando faturou sua primeira medalha de ouro paralímpica. Três anos depois, foi punida por doping e ficou fora de competições nos últimos dois anos, incluindo os Jogos Parapan-Americanos de Lima e o Mundial, ambos em 2019. A pandemia foi outro fator desfavorável à preparação para Tóquio-2020. Ela retornou à rotina de treinamentos regulares apenas nos últimos cinco meses.

Também integraram a delegação brasileira os sul-mato-grossenses Fabrício Júnior Barros Ferreira (paratletismo), Débora Raiza Ribeiro Benevides (paracanoagem) e o estafe Vilmar Roberto Dias, natural Fátima do Sul, que atuou como um dos guias da maratonista baiana Edneusa de Jesus.

Lucas Castro, Fundesporte

Foto de destaque: Miriam Jeske/CPB



PUBLICIDADE
PUBLICIDADE