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Mulher vai a júri acusada de envenenar marido
| DIáRIO DIGITAL / DA REDAçãO
Por decisão unanime de desembargadores da 3ª Câmara Criminal de Mato Grosso do Sul, uma mulher de 59 anos, acusada de induzir o marido ao suicídio por envenenamento irá a Júri Popular nos próximos meses, em Campo Grande. A justiça negou o pedido de recurso apresentado pela defesa que alega não haver provas concretas para sustentar a acusação e manteve o andamento do processo.
Conforme denúncia, a vítima morreu no dia 15 de outubro de 2016. Amigos e familiares do homem afirmaram que, apesar de paraplégico, ele era uma pessoa de bom astral, que vivia feliz, sempre com um sorriso no rosto e que não havia razão para tirar a própria vida. Um conhecido afirmou que os dois tinham um relacionamento normal e que a esposa prestava os cuidados necessários, porém, segundo o processo, nos últimos dias de vida, os amigos tentaram falar com a vítima, mas a mulher não os deixava vê-lo.
O irmão da vítima relatou que duas semanas antes do fato esteve na residência do casal, que estava em total abandono, aparentando que o irmão estivesse em cárcere privado. Afirmou não acreditar que a vítima cometeu suicídio, que era cadeirante há quase 30 anos, recebia benefício previdenciário, trabalhava no bar do qual era dono, fazia questão de servir os clientes e andava armado, pois foi assaltado, portanto, se tivesse a intenção de tirar sua vida teria feito com a arma e não com veneno de rato.
Um amigo da vítima revelou que, no final, o homem pediu socorro; telefonou três vezes, chorando muito, todavia não chegou a manter contato com os familiares por acreditar que era apenas uma situação momentânea de nervoso. Acrescentou que no dia da morte recebeu uma ligação da vítima, afirmando que “elas queriam acabar com ele, que se morresse elas não avisariam ninguém; que os amigos não iriam enterrá-lo, pois ela não deixaria ninguém vê-lo”.
Outro amigo contou em depoimento que nos últimos tempos o homem reclamava bastante que a situação na casa dele estava difícil, que já não recebia o carinho com que era tratado antes. Revelou que a mulher o isolou dos amigos, que não conseguiam visitá-lo nem ter notícias dele. Ouviu comentários de que a vítima teria dado entrado na UPA por envenenamento, foi até a unidade de pronto atendimento e recebeu a mesma informação de uma assistente social.
A mulher confirmou que há sete anos o casal não vivia como marido e mulher, que apenas cuidava o dele porque teria descoberto um relacionamento homossexual esposo. A acusada ainda disse que se relacionava com outro há seis meses e que o marido sabia, pois o amante frequentava o bar como cliente.
O relator do processo, desembargador Zaloar Murat Martins de Souza, apontou que a materialidade do crime está demonstrada pelo laudo de corpo de delito e pelo relatório anátomo-patológico.
O desembargador mencionou ainda o fato de o irmão da vítima ter ligado para o 190 denunciando o cárcere privado, pois a mulher teria isolado o marido da convivência dos amigos e citou o testemunho de um amigo que declarou ter ouvido da mulher que mataria o cadeirante.
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