Como funcionam laboratórios de biossegurança

| ASSESSORIA


A lista é grande: aids, síndrome respiratória do Oriente Médio (mers), síndrome respiratória aguda grave (sars), gripe aviária, gripe suína, hendra, nipah, vírus de Marburg, febre de Lassa, febre hemorrágica da Crimeia-Congo, ebola. Nas últimas décadas, dificilmente um ano se passou sem que um novo patógeno que pudesse causar doenças sérias fosse descoberto.

 

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), vírus ainda desconhecidos e uma série de novas doenças infecciosas transmissíveis de animais para humanos, as chamadas zoonoses, podem se tornar uma ameaça global à saúde.

 

 

Para identificar esses patógenos - o mais rápido possível e com um resultado confiável - e desenvolver métodos para diagnóstico, terapia e produção de vacinas, são necessários laboratórios especiais. Uma investigação rápida e confiável também é essencial em suspeitas de um ataque bioterrorista.

 

 

Existem quatro diferentes tipos de laboratório aptos para essa tarefa. Eles são classificados pelo nível de biossegurança (BSL) e dependem do tipo do patógeno e da necessidade de proteção.

 

 

No nível mais baixo, as precauções podem consistir em lavagem regular das mãos e equipamento de proteção mínimo. Em níveis mais altos, instalações, equipamentos e procedimentos de trabalho devem cumprir requisitos mais rigorosos.

 

 

O nível de biossegurança 3 (BSL-3) é comumente usado para trabalhos de pesquisa e diagnóstico envolvendo vários micróbios que podem ser transmitidos pelo ar e/ou causar doenças graves. Os coronavírus Sars-Cov-1, Mers-CoV e o novo Sars-Cov-2 são atualmente classificados neste grupo.

 

 

O nível 4 (BSL-4) é o mais alto em precauções. É apropriado para o trabalho com agentes que podem ser facilmente transmitidos pelo ar em laboratório, além de causar de doenças graves a fatais em humanos, e para os quais não existem vacinas ou tratamentos. Nesse nível, estão vírus como o do ebola, Marburg, Lassa e o que causa a febre hemorrágica da Crimeia-Congo.

 

 

Devido às complexas medidas de segurança, existem apenas cerca de 50 laboratórios de nível 4 em todo o mundo. Dois deles estão na China, incluindo o Instituto Wuhan de Virologia da Academia Chinesa de Ciências, que ganhou as manchetes como uma possível fonte do novo Sars-CoV-2.


A maior parte, no entanto, fica nos Estados Unidos, com cerca de uma dúzia dessas unidades, seguidos pelo Reino Unido com quase 10 e pela Alemanha com quatro.


Quão seguro é um laboratório BSL-4?


Os laboratórios da BSL-4 são unidades totalmente herméticas e independentes, com fontes próprias de ar, energia e água, especialmente protegidas contra falhas técnicas. Essas unidades são física e organizacionalmente separadas dos prédios vizinhos, de maneira que pessoas não autorizadas não possam se aproximar das instalações.

 

 

Os sistemas de segurança multinível impedem que os patógenos escapem para o meio ambiente. A pressão do ar no laboratório é negativa, de modo que, se ocorrer um vazamento, o ar não poderá escapar. Além disso, o ar que entra e sai é filtrado por um filtro HEPA para garantir que seja puro e que todos os resíduos sejam completamente inativados.

 

 

Todas as paredes, tetos e pisos de um laboratório BSL-4 são revestidos com um material impermeável e fácil de limpar, e as superfícies devem ser resistentes a ácidos, alcaloides e solventes, além de desinfetantes. Os cientistas entram e saem do laboratório por meio de uma série de portas de segurança, intertravadas para que o ar sempre flua em direção ao laboratório quando são abertas e fechadas.

 

 

Mesmo que uma aeronave colidisse com um laboratório do tipo BSL-4 ou que uma bomba explodisse perto não haveria perigo, de acordo com o Instituto Robert Koch, agência federal alemã de controle e prevenção de doenças. Isso porque os vírus muito sensíveis ao calor seriam completamente inativados pelo calor gerado durante a explosão.

 

 

 


Como se trabalha nesses laboratórios?


O acesso a esse tipo de ambiente é restrito a um pequeno número de funcionários selecionados e especialmente qualificados, e é rigorosamente monitorado.

 

 

Eles usam roupas de proteção infláveis de corpo inteiro, com seu próprio suprimento de ar. Para proteger as mãos, dois a três pares de luvas devem ser usados sobrepostos, com o par externo firmemente preso aos punhos do traje.

 

 

Como o trabalho no traje de proteção de corpo inteiro, que pesa cerca de 10 quilos, é muito estressante tanto física quanto psicologicamente, o tempo de trabalho diário para cada cientista é de cerca de três horas.

 

 

Somente aqueles patógenos que são realmente necessários para o trabalho de pesquisa são armazenados nos laboratórios e apenas em quantidades muito pequenas.


As amostras contaminadas de sangue, tecido ou muco são processadas em bancadas de segurança, sob uma tampa de vidro; os técnicos de laboratório devem colocar as mãos nas luvas fixas do móvel para alcançar as substâncias.

 

 

Princípio dos quatro olhos


Ao final da sessão de trabalho, os materiais utilizados são colocados trancados a chave. Todos os objetos utilizados são descontaminados num sistema de limpeza de autoclave, a altas temperatura e pressão. Os resíduos são "inativados", isto é, vírus que podem estar aderindo a ele ou contidos nele são mortos.

 

 

Antes de sair do laboratório, os funcionários devem se lavar em seus trajes de proteção com ácido peracético altamente diluído ou com agentes antimicrobianos semelhantes para se desinfetar. Somente depois, eles tiram essa roupa e então tomam banho.

 

 

Como não existem instrumentos de medição para contaminação por vírus, dois funcionários geralmente trabalham juntos, verificando suas roupas quanto a danos e ajudando uns aos outros a se vestir e se despir. Esse processo leva entre 15 e 30 minutos.


Sobre a Climatempo


Com solidez de 30 anos de mercado e fornecendo assessoria meteorológica de qualidade para os principais segmentos, a Climatempo é sinônimo de inovação. Foi a primeira empresa privada a oferecer análises customizadas para diversos setores do mercado, boletins informativos para meios de comunicação, canal 24 horas nas principais operadoras de TV por assinatura e posicionamento digital consolidado com website e aplicativos, que juntos somam 20 milhões de usuários mensais.


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A fusão estratégica dá à Climatempo acesso a novos produtos e sistemas que irão fortalecer ainda mais suas competências e alcance, incluindo soluções focadas nos setores de serviços de energia renovável. O Grupo segue presidido pelo meteorologista Carlos Magno que, com mais de 35 anos de carreira, foi um dos primeiros comunicadores da profissão no país.



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