Um ano de pandemia, um ano de aprendizados

Artigo do presidente do Sebrae, Carlos Melles, fala sobre ações da instituição para amenizar efeitos da crise

| ASSESSORIA


Cerca de 260 mil vidas perdidas, 14 milhões de desempregados, queda do PIB superior a 4%, perda na massa salarial, redução do nível aquisitivo das famílias e do poder de compra do brasileiro... Os danos provocados pela pandemia de Covid-19 ainda estão longe de serem totalmente contabilizados e não serão esquecidos tão cedo. Um ano depois do registro dos primeiros casos no país, gestores públicos, empresários e sociedade ainda lutam para debelar a expansão da doença e conter os seus terríveis impactos.

Desde o início da crise, o Sebrae vem acompanhando a situação dos pequenos negócios, procurando conhecer de perto as dores que esses empresários estão vivenciando e oferecendo soluções que permitam diminuir os estragos causados pela queda quase generalizada do consumo de bens e serviços. Alinhamos benefícios junto ao governo e ao Congresso, articulamos parcerias para favorecer a digitalização das empresas, ampliamos a oferta de aval para tomada do crédito, reforçamos nossos canais digitais para aumentar também nossa capacidade de atendimento. Ainda assim, assistimos, com preocupação, o nível de faturamento dos pequenos negócios despencar 70% (em média), com quase 60% das empresas paradas, no momento mais agudo (abril de 2020).

Aos poucos, na proporção em que as medidas de restrição foram sendo amenizadas e com uma crescente adaptação dos empreendedores à nova realidade gerada pela crise, nossas pesquisas mostraram uma lenta, mas consistente, recuperação das micro e pequenas empresas. Os donos de pequenos negócios apostaram na digitalização e na inovação, e conseguiram resgatar parte do faturamento perdido.

Esses fatores - aliados às políticas públicas que trouxeram maior flexibilidade às regras trabalhistas, prorrogaram o prazo de impostos, reduziram a burocracia e ampliaram o acesso ao crédito - foram decisivos para que as pequenas empresas retomassem a geração de empregos no segundo semestre do ano passado. Assim, na contramão das grandes e médias empresas, que encerraram 2020 com um déficit de quase 200 mil postos de trabalho, os pequenos negócios fecharam o ano com a geração de 293,2 mil novas vagas. No cálculo geral, as micro e pequenas empresas foram as grandes responsáveis pelo saldo final de 142,7 mil empregos gerados no país durante o ano, evitando que o drama do desemprego atingisse um número ainda maior de trabalhadores brasileiros.

Nesse momento em que o país volta a enfrentar um pico de casos e de óbitos provocados pela doença, com novas medidas de restrição e lockdown, é fundamental revisitarmos – com urgência – algumas lições valiosas desse primeiro ano de enfrentamento da pandemia. A primeira é que os protocolos de saúde e higiene vieram para ficar e serão objeto de vigilância permanente da sociedade de agora em diante. As empresas – não importando seu porte ou segmento de atividade – precisam garantir toda a confiança aos seus consumidores e tornar públicas todas as medidas de segurança adotadas. Esse fator tem sido e deve continuar sendo um diferencial a mais na decisão de compra do cliente.

O segundo aprendizado é que digitalização e inovação não são mais tendências de mercado, mas comportamentos que os pequenos negócios precisam incorporar no seu dia a dia, sob pena de serem excluídos do mercado. O grande desafio do Sebrae nessa área será compatibilizar o mundo digital com a personalização e a diferenciação que leve o consumidor a comprar dos pequenos negócios.

E a terceira e mais importante lição deixada por esses 12 meses de enfrentamento da pandemia é que os pequenos negócios, quando assistidos por políticas públicas que assegurem a manutenção do emprego, o acesso ao crédito e à inovação, são plenamente capazes de oferecer os meios necessários para que o país supere a crise com maior rapidez. O número recorde de empresas abertas em 2020, quando o Brasil registrou a criação de 3,4 milhões de novos negócios, mostra que o empreendedorismo pode ser a saída para a geração de emprego e renda com desenvolvimento local.

Nesse contexto, o Sebrae permanece trabalhando junto ao Congresso e aos governos federal e estaduais para garantir medidas essenciais, como a extensão do auxílio-emergencial, o retorno das medidas de suspensão de contrato de trabalho, de redução de jornada de trabalho, a perenização do Pronampe e a simplificação do ambiente de negócios. A pandemia representou um desafio de proporções inéditas para o Brasil e o mundo. Precisamos evoluir com rapidez e aproveitar todo o aprendizado que já acumulamos. O país, os empreendedores e os brasileiros têm pressa.

 

Agência Sebrae

 

 



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