Grupo “Nóis Num Liga”, do Miguelzinho, surgiu em 83

| O PROGRESSO


O cantor, compositor e instrumentista Miguel de Oliveira Filho, o Miguelzinho, foi um importante músico que fez parte do cenário musical douradense, a partir do final da década de 70, mais fortemente, durante os anos 80 e, ainda, nos anos 90.
Miguelzinho ficou conhecido do público principalmente devido à sua participação em festivais tanto de músicas de interpretação quanto de inéditas em Dourados, Campo Grande e em vários outros municípios do Estado.
Com o nome consolidado junto à galera jovem, Miguelzinho resolveu fundar uma banda, juntamente com seus amigos de palco. E logo surgiu o “Nóis Num Liga”. Isso, em 1983, quando Dourados vivia um importante e feérico “boom” cultural.
O “Nóis Num Liga” participou de inúmeros festivais – como o Frutos da Terra e o Show da Paz, por exemplo -, além de outros eventos culturais que aconteciam constantemente naqueles tempos marcantes na terra de Marcelino Pires.
Em suas apresentações, o "Nóis Num Liga" interpretava canções tradicionais do rock-pop, com ênfase à música do guru da época – Raul Seixas.
Mas, também, mandava ver músicas de autoria de Miguelzinho, como "Selvinvenção" (concorreu no 4º Fessul), "O Velho" (concorreu no 3º Fessul), "Che Guevara" (concorreu no 1º Femi da UDE), “Labuta”, “Pixote”, um blues que retratava as crianças desamparadas; “Não Façam Guerra”, rock progressivo; e ainda “Rock Maldito", mais para o heaavy-metal.
"Nóis Num Liga" era formado por Miguel de Oliveira (vocal e guitarra base), Ricardo (bateria), Luis (guitarra solo), João (guitarra base) e Zezinho (bateria).
Os cinco integrantes desta banda tocavam juntos desde 1980. Miguel de Oliveira, nos festivais em que participou, sempre foi acompanhado por estes seus amigos.
Posteriormente, o “Nóis Num Liga” passou a ter a seguinte formação: Miguelzinho, cantor e compositor, João Costa, contrabaixo; Luiz Peixoto, guitarra-solo; Tião “Al Capone”, na bateria; e Joel, no sax.
Dificuldade do rock
Miguelzinho era um cara sem papas na língua. Em entrevista ao jornal O Progresso, naquela época em que a música regional estava em voga, ele cobrava apoio da classe empresarial e da Funced (hoje, Funed).
"Nosso estilo de música não encontra quase espaço e por isso ficamos tanto tempo parados, embora os ensaios sejam sempre constantes”.
Miguel dizia que a Funced deveria promover shows de rock, pois "a cidade conta com inúmeras bandas e sem incentivo não dá pé ”.
"Os outros músicos encontram espaço na vida noturna da cidade. Mas o nosso grupo é totalmente rock e por isso as dificuldades continuam". Lembrou que no ano passado (1986) foi promovido na Praça Antonio João, o 'Show da Paz’ que foi um sucesso. “Uma promoção desta natureza tem que voltar”, observando que os músicos se apresentaram ao vivo, mas não ganharam nada e, acima de tudo, cada um teve que arcar com suas despesas.
A reivindicação de Miguelzinho deu certo. Tanto é, que a Funced promoveu no dia 7 de agosto de 1988, um Festival de Rock, na Praça do Cinquentenário, denominado “Rock na Concha”. Participaram do evento bandas representativas do Estado como Alta Tensão, S.O.S., Patrulha de Choque, Curto-Circuito, Nóis Num Liga, dentre outras atrações.
Farmácia
Miguelzinho trabalhou vários anos na Farmácia Avenida, do José Braga. Depois de muita luta, conseguiu abrir a sua própria farmácia, que funcionava nas imediações do Corpo de Bombeiros.
Miguelzinho morreu em 1997, aos 33 anos, causando muita tristeza na cidade, já que era uma pessoa benquista. Ele não tinha nenhum tipo de doença, mas, infelizmente, foi vítima de um aneurisma cerebral.
Miguelzinho deixou a esposa Regina Célia, além de três filhos: Fagner (tinha 8 anos), Mateus (tinha 4 anos) e Tiago (tinha apenas dois meses).



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