Clube dos mesmos donos da Inter, o Jiangsu Suning faturou seu primeiro título no Campeonato Chinês

| TRIVELA/LEANDRO STEIN


O Campeonato Chinês adotou um formato diferente nesta temporada, por conta da pandemia. No lugar dos pontos corridos em dois turnos, a competição acabou dividida em dois grupos e teve mata-matas. Pois a excepcionalidade abriu brechas e permitiu que um campeão inédito se consagrasse nesta quinta-feira. O Jiangsu Suning chegou a ser duas vezes vice-campeão nacional, mas acostumou-se a ocupar posições intermediárias nos últimos anos. No entanto, com os bons reforços garantidos pelos donos do clube (os mesmos da Internazionale, aproveitando-se do intercâmbio), a taça veio pela primeira vez em 2020. Os auriazuis pegaram o multicampeão Guangzhou Evergrande na final e confirmaram o feito com o triunfo por 2 a 1.

O Jiangsu surgiu em 1958 e historicamente disputou a segunda divisão do Campeonato Chinês. Sua ascensão é relativamente recente, com o acesso conquistado à Superliga em 2008, após uma ausência de 14 anos na elite local. Desde então, os auriazuis não cairiam mais e passariam a acumular feitos a partir do começo da última década. Chegaram a conquistar a Copa da China em 2015 e viveram um ano movimentado em 2016, com o tri vice nas principais competições nacionais. Foi neste mesmo momento que o grupo Suning, um dos maiores conglomerados comerciais do país, comprou as ações e passou a investir na agremiação.

Naquele momento, o Jiangsu Suning faria investimentos mais pesados – como as contratações de Alex Teixeira, Ramires e Jô. As conquistas não seriam imediatas e logo os auriazuis passaram a gastar menos em reforços. A ligação com a Inter, de qualquer forma, passou a abrir portas aos chineses. Em 2018, a equipe buscou o atacante Éder, sem espaço em Milão. Já no último ano, Miranda se tornou a novidade. Ao lado de Alex Teixeira, os dois ex-interistas foram essenciais à conquista. O ganês Mubarak Wakaso e o croata Ivan Santini são os outros estrangeiros no elenco atual. Já o técnico desde 2018 é o romeno Cosmin Olaroiu, com longa história principalmente por clubes do Oriente Médio.

Com o início da temporada adiado para julho por causa da pandemia, o Campeonato Chinês optou por mudar o formato e dividir a tabela em dois grupos. O Jiangsu Suning nem fez uma campanha tão destacada em sua chave. Terminou na segunda colocação, com 26 pontos, mas distante de incomodar o líder Guangzhou Evergrande. Os quatro primeiros de cada grupo avançaram aos mata-matas. Na etapa final da competição, então, os auriazuis cresceriam.

O Jiangsu Suning começou despachando o Chongqing Dangdai Lifan – de Alan Kardec, Marcelo Cirino e Fernandinho. Após o empate fora de casa, Santini marcou o gol da classificação no triunfo por 1 a 0. Já na semifinal, o oponente seria o Shanghai SIPG, um dos clubes de maior investimento da Superliga – com Oscar, Hulk, Marko Arnautovic e Aaron Mooy em sua legião estrangeira. O empate por 1 a 1 em Jiangsu se repetiu também em Xangai, mas Jing Luo anotou o gol decisivo na prorrogação, botando o Suning na final. Por fim, a missão dos auriazuis seria desbancar o favoritíssimo Guangzhou Evergrande, que sobrou nas etapas anteriores.

As duas partidas aconteceram no Suzhou Olympic Sports Centre, onde foi disputada toda a fase final. As duas equipes ficaram no 0 a 0. Assim, o otimismo ao redor do Guangzhou Evergrande aumentava. A equipe de Fabio Cannavaro entrou em campo na final com Anderson Talisca, Elkeson e Paulinho entre os titulares, além de Aloísio Boi Bandido no banco. O Jiangsu Suning, por sua vez, contava com a segurança de Miranda na zaga, além da dupla de ataque formada por Éder e Alex Teixeira. Os dois seriam decisivos.

Éder abriu o placar nos acréscimos do primeiro tempo, cobrando falta que desviou nas costas de Paulinho e tirou o goleiro. No mesmo lance, He Chao foi expulso e deixou o Guangzhou Evergrande com um jogador a menos. Já no início do segundo, Alex Teixeira ampliou numa bela jogada, ao escapar da marcação e mandar o chute de canhota no cantinho. Os anfitriões até descontaram com Shihao Wei, mas não tiveram forças à reação, com um homem a menos. Ao apito final, a China ganhou um novo campeão nacional.

De 2011 a 2019, o Guangzhou Evergrande só não havia conquistado um título no Campeonato Chinês, desbancado pelo Shanghai SIPG em 2018. A façanha do Jiangsu Suning ganha valor pela forma como derrubaram os últimos campeões, assim como por justificar o trânsito em paralelo com a Internazionale. Além disso, Alex Teixeira valida sua contratação quatro anos depois de chegar ao país, num negócio que na época quebrou o recorde nacional de transferência mais cara e ainda hoje permanece como a terceira maior compra já feita por um clube chinês. Aos 30 anos, o atacante protagonizou algumas grandes temporadas no país, mas nunca uma tão decisiva.

A conquista garante a classificação do Jiangsu Suning à Liga dos Campeões da Ásia, presente no torneio pela quarta vez em sua história. É mais visibilidade ao projeto e aos estrangeiros que encabeçam a equipe. Enquanto a Inter ainda busca emplacar sob o investimento dos chineses, os auriazuis preenchem parte dos anseios de seus donos.



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