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O Galo ressaltou sua intensidade e explorou as debilidades do Flamengo, numa goleada sonora dentro do Mineirão
| TRIVELA/LEANDRO STEIN
Jorge Sampaoli mostrou, desde 2019, como sabe explorar as fraquezas do Flamengo e construir grandes resultados contra o melhor elenco do Brasil. A estreia na Série A havia referendado isso, com uma vitória no Maracanã que serviu como prova de força ao Atlético Mineiro. Já neste domingo, o Galo conseguiu ainda mais. Apesar da sequência ruim no campeonato, a equipe de Sampaoli se reergueu com contundência, ao fazer uma atuação bastante eficaz contra o Fla. Os atleticanos expuseram ainda mais o tormento defensivo que vivem os rubro-negros, goleando por 4 a 0. Foi uma noite especial de Jefferson Savarino, grande artífice do baile alvinegro, com três assistências e grandes jogadas para alimentar seu ataque. Eduardo Sasha, com dois tentos, também esteve entre os melhores da equipe.
O Flamengo até teve sua chance de abrir o placar no Mineirão, em chute de Everton Ribeiro na entrada da área que passou perto da trave. Entretanto, o Atlético Mineiro não esperaria para se impor e os primeiros minutos foram essenciais à goleada – muito pela participação decisiva de Savarino. Aos quatro minutos, o venezuelano cruzou rasteiro e Sasha, mesmo prensado por Gustavo Henrique, conseguiu desviar às redes. E a pressão se manteria para render o segundo tento logo aos oito. Desta vez, Savarino fez ótima jogada pela direita, cortando para o meio e invertendo à esquerda. Com um passe açucarado, achou Keno com liberdade às costas de Isla e o ponta finalizou muito bem, chapando para tirar do alcance de Hugo Neneca. Filipe Luís tinha pesadelos com o venezuelano.
O Flamengo se via vulnerável. Por mais que tentasse sair ao jogo, cedia muitos espaços entre o meio-campo e a defesa. O Galo aproveitava, com a aceleração de seu ataque, bem como a participação constante dos pontas – sem sentir falta das ausências de Jair ou Nathan. As deficiências cariocas e as virtudes mineiras não eram desconhecidas, mas parece que Domènec Torrent estava pouco preocupado em resolver seus problemas. Os meio-campistas não conferem solidez, enquanto Gustavo Henrique é o mais atormentado pela velocidade dos adversários. Quando o Fla tentou responder, o Atlético soube se proteger muito bem, sem sucumbir à posse de bola dos visitantes. A marcação era firme, sobretudo pelos lados.
Thiago Maia chegou a arriscar com perigo numa infiltração aos 22, mas parecia provável que o Galo marcasse o terceiro, pela forma como conseguia conectar rápido o seu ataque depois dos desarmes – embora não finalizasse tanto. Alan Franco voltou a assustar aos 31, num chute forte que Hugo Neneca espalmou. Só depois disso que o Flamengo ameaçaria com mais constância, fazendo valer seu domínio territorial. Everson agarrou um chute de Arão, antes de Natan cabecear para fora. As bolas paradas rendiam as melhores chances aos rubro-negros, mas o Atlético se mostrava mais seguro.
Logo na volta ao segundo tempo, o Flamengo teve uma excelente chance para descontar. Everson realizou uma grande defesa na cabeçada de Pedro e Bruno Henrique emendou a sobra no travessão, desperdiçando de forma incrível na pequena área. A resposta do Atlético seria imediata, com Keno mandando para fora. O Fla chegou a ter um gol anulado por falta em Guga e parecia disposto a reagir, ainda com a bola. Foi quando sofreria o terceiro tento do Galo aos 14. Guilherme Arana fez uma jogadaça pela esquerda, ao deixar Thiago Maia no vácuo. Cruzou e Sasha mergulhou para desviar de peixinho, mandando a bola por baixo de Hugo. E o atacante quase completou sua tripleta no ataque seguinte, ao sair de frente para a meta depois de enfiada de Savarino, mas concluiu para fora na cavadinha.
Quando o Atlético precisou, Everson manteve o conforto da equipe. Pedro tentaria em nova cabeçada, parando em milagre do arqueiro. Não era das atuações mais criativas do Flamengo, contra uma defesa sólida. E a entrada de Michael no lugar de Thiago Maia não provocaria grande impacto, ou mesmo o retorno de Gabigol aos 32. Mesmo com a vitória consolidada, o Atlético não deixava de buscar o ataque quando podia escapar. Sampaoli mandaria a campo Marrony e Zaracho, renovando as energias de seu ataque. Pois o argentino assinalou seu primeiro tento pelo clube, fechando a conta logo depois de entrar, aos 37. Mais um ótimo lance de Savarino, que enfiou com maestria e botou o novato de frente com Hugo, se esticando para finalizar às redes. A pá de cal que permitiu aos atleticanos cozinharem o resultado no final.
Depois de quatro rodadas sem vencer, o Atlético Mineiro se reafirma na corrida pelo título, recuperando a vice-liderança. Chega aos 35 pontos, um a menos que o Internacional, mas ainda com uma partida a menos que os colorados. O único time com aproveitamento superior é o São Paulo, dois pontos atrás. Já o Flamengo possui os mesmos 35 pontos, mas com número de vitórias inferior. Além disso, o saldo dos rubro-negros é baixo, dilapidado depois das goleadas sofridas nas duas últimas rodadas. O time voltará a se concentrar na Copa do Brasil durante o meio de semana, mas ciente que a inconsistência defensiva se repete e põe em xeque as pretensões da equipe.