Covid-19 cresce em municípios de pequeno porte do MS

Chapadão do Sul, Rochedo e Glória de Dourados tiveram crescimento no nível de alerta de 2 para 3. 15 municípios do estado tiveram redução nos níveis de alerta. Pesquisadores alertam que ainda não há motivos para comemorar e que é preciso ampliar os cuidados para combater o novo coronavírus

| ASSESSORIA


“A pandemia não acabou em Mato Grosso do Sul. Os gestores públicos precisam intensificar os cuidados”. Foi dessa maneira que Adeir Archanjo da Mota, pesquisador em Geografia da Saúde na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) definiu a situação da pandemia no estado ao ponderar os números da doença e a flutuação nos níveis de alerta da Covid-19 na comparação entre as 36ª e 38ª semanas epidemiológicas. Segundo a metodologia elaborada pelo pesquisador, pautada por uma medida resumo - o índice de morbimortalidade - a pandemia recuou em 15 municípios do estado, mas avançou em outros nove municípios de pequeno porte populacional, com menos de 25 mil habitantes. “Não há o que se comemorar.  Nos municípios menores, houve um aumento significativo no número de casos da doença. Estamos perdendo vida, Campo Grande, Corumbá, Cassilândia e Dourados tiveram as maiores frequências de óbitos e estão mantendo níveis de alertas altíssimos. Isso é motivo de preocupação, embora a pandemia tenha apresentado um tímido recuo em outros municípios do estado”, esclareceu Archanjo da Mota.  


Avanço da doença

A metodologia elaborada por Archanjo da Mota converte o índice de morbimortalidade (iMM) em níveis de alerta, que variam de 1 a 5. De acordo com a análise dos dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde do MS, na macrorregião de saúde (MRS) Campo Grande, Chapadão do Sul saiu do nível de alerta 2 para 4, Rochedo do nível 2 para 3, Rio Negro e Caracol subiram seus níveis de alerta de 1 para 2 conforme pode ser observado aqui. Na MRS de Dourados, Glória de Dourados subiu de 2 para 3 e Angélica de 1 para 2. Na MRS de Três Lagoas, Água Clara, Selvíria e Bataguassu subiu de 1 para 2. “É importante destacar que quando falamos de aumento no nível de alerta já estamos considerando uma situação de emergência sanitária. Nível de alerta é um sinal amarelo, indicando que a situação de saúde pública é grave”, explicou a professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia, pesquisadora na área de Comunicação, Saúde e Políticas Públicas, Fernanda Vasques Ferreira.

 


Aumento da mortalidade

Dezessete. Esse é o número de pessoas mortas pelo novo coronavírus no município de Corumbá, ao saltar de 107 para 124 óbitos em apenas 14 dias. O município registrou aumento na taxa de mortalidade de 15,26 por cem mil habitantes no período analisado e registra a maior taxa de mortalidade na 38ª semana epidemiológica, ao registrar 111,28 por cem mil. A análise explicita, ainda, que esses municípios estão com a taxa de mortalidade muito superior à média nacional, que é de 64,9 por cem mil habitantes. “Novos estudos precisam ser realizados para compreender por que a mortalidade cresceu, expressivamente, em Corumbá e Ladário”, alertou Archanjo da Mota. Além desses, sete municípios também estão acima com a taxa de mortalidade acima da média nacional: Aquidauana, Vicentina, Guia Lopes da Laguna, Cassilândia, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti e Aparecida do Taboado.


Recuo tímido

Embora não seja motivo de comemoração, os pesquisadores apontaram que houve um tímido recuo da pandemia em 15 municípios de MS. Na MRS de Campo Grande, os municípios de Aquidauana, Nova Alvorada do Sul e São Gabriel do Oeste diminuíram o nível de alerta 3 para 2; Jaraguari, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti e Terenos do nível de alerta 2 para 1. Na MRS de Dourados, os municípios de Nova Andradina, Ivinhema e Fátima do Sul tiveram queda nos níveis de alerta, de 3 para 2. Já Juti, Itaquiraí e Sete Quedas, do nível 2 para o nível de alerta 1. Aparecida do Taboado e Paranaíba que compõem a MRS de Três Lagoas apresentaram queda para os níveis 3 e 2, respectivamente.


Prevenção

De acordo com a professora da UFOB, Fernanda Vasques Ferreira, é preciso oferecer um letramento sobre a doença para a população. “No Brasil, fizemos tudo ao avesso. As ações foram descoordenadas e muitos gestores públicos não se envolveram diretamente com a situação. Quando um líder político reflete sua preocupação com a preservação das vidas das pessoas nos seus discursos e nas suas atitudes, ele também ajuda a população a dar um significado para a crise sanitária que estamos vivenciando. Nem todos os líderes fizeram isso. O resultado é o que estamos vendo: quando controla a pandemia em um lugar, ela avança em outros e assim sucessivamente. A população já está cansada de ouvir falar da pandemia. Os cidadãos precisam ser ‘educados’ para a prevenção em saúde”, evidencia a pesquisador.



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